História da leoa Elsa, retratada em livro, completa 60 anos

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
01/09/2020 às 19:13.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:26
 (LUCAS PRATES)

(LUCAS PRATES)

Para quem é fã (e não são poucos!) de histórias sobre a vida animal, a leoa Elsa está em pé de igualdade com os cães Lassie e Benji e o golfinho Flipper, protagonistas de narrativas emocionantes – com direito a muitos e muitos lenços de papel - que sublinham a intensa amizade deles com seres humanos.

Antes de estrelar um filme bastante popular, lançado em 1966, a felina que ficou órfã e foi criada como bicho doméstico - justamente por quem matou a mãe, por legítima defesa, no Parque Nacional de Meru, no Quênia - ganhou o mundo com a publicação do livro “Born Free” (“Nascida Livre”, em tradução literal) há seis décadas.

Escrito por Joy Adamson, esposa do supervisor do Parque que levou Elsa para casa, o livro se tornou um best seller, traduzido para 25 idiomas, mas até hoje não foi publicado no Brasil. Fã do animal africano, o pesquisador mineiro Rodrigo Oliveira teve que encomendar um volume em Portugal, onde recebeu o título de “Uma Leoa Chamada Elsa”.

Melhor amiga
Ele comemora o fato de uma editora espanhola lançar uma edição especial, que, além do primeiro livro, reúne “Living Free” e ”Forever Free”, as duas continuações sobre a relação entre a autora, uma naturalista checa de cidadania inglesa, e Elsa. “Joy chegou a dizer que a leoa foi a melhor amiga e, mesmo depois de morta, sentia a presença dela”, registra.

Oliveira destaca que a felina foi colocada em liberdade, depois de adulta, mas jamais deixou de visitar o casal. “O cordão umbilical nunca foi rompido. Ela sempre ia vê-los. Esta relação de amor que me fez identificar com a história. Joy tinha grande paixão pela vida selvagem, como eu também tenho”, assinala.

O pesquisador descobriu o filme antes do livro, por acaso, há cinco anos, quando buscava por produções sobre animais no YouTube. “A imagem estava ruim, com um mega zoom, mas acabei vendo alguns trechos e me apaixonando pela história. Curioso, fui procurar saber quem era a verdadeira Joy e como era a sua relação com Elsa”.

Fundação
Protagonistas do filme, Virginia McKenna e Bill Travers, casados na vida real, também tiveram uma forte relação com o universo de Elsa. “Eles viraram amigos pessoais da escritora e fizeram vários outros filmes com a temática. Anos depois, criaram a Fundação Born Free, ajudando a estabelecer o local onde Elsa foi enterrada como ponto turístico.

“Toda vez que vejo eu me emociono. Já perdi a ideia de quantas vezes eu assisti. É uma história muito verdadeira e fiel, embora o filme tenha adocicado muito a Joy. Ela não era uma pessoa fácil, mas sim muito temperamental. Mantinha um casamento com George Adamson, mas o elo entre eles era a Elsa”, analisa.

O longa-metragem teve uma sequência, em 1972, já sem McKenna e Travers, que juntou os relatos de “Living Free” e “Forever Free”, além de uma série de TV, em 1974. Apesar de livro e filme terem contribuído para a preservação dos animais, hoje os leões são meros figurantes no Quênia – eram 100 mil espécies na época de Elsa; hoje não passam de dois mil.

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