"Histórias do Samba", uma leitura ao som de tamborim e conversa de botequim

Ana Clara Otoni - Do Portal HD
07/02/2013 às 10:08.
Atualizado em 21/11/2021 às 00:48
 (Divulgação)

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No Carnaval não tem jeito, a folia toma conta de todo mundo e vai-se emendando uma marchinha num samba que se junta com outro e por aí vai, até o baile acabar na Quarta-Feira de Cinzas. Para além da folia, descobrir as experiências por trás dessas letras pode ser uma aventura à parte dos bloquinhos e desfiles das escolas de samba. A proposta do livro "Histórias do Samba - de João da Baiana a Zeca Pagodinho" (Editora Matrix), lançado em janeiro de 2013, e escrito pelo carioca da gema Marcos Alivito, é exatamente essa.

A obra reúne 100 histórias que vão se emendando uma na outra e, quando vai ver, lá se foram vários "causos" de ícones da música brasileira dos mais afamados, como Noel Rosa, Cartola e Ary Barroso... até os sambistas parceiros Wilson Moreira e Nei Lopes. O gostoso é que o autor conseguiu conduzir a leitura de um modo que pode-se ler uma história por vez, ou todas numa sequência sem prejuízos. E, embora muito bem contextualizado no período histórico, o livro não é cheio de números, datas e marcações metódicas. É um livro leve, pra ler ouvindo um samba, deixando o batuque do tamborim ritmar a leitura e os olhos sambarem nas histórias desses artistas.

"Histórias do Samba - de João da Baiana a Zeca Pagodinho" trás um extenso trabalho de pesquisa e de campo e traduz a maturidade didática do autor, que está em sua sexta obra, e é doutor em antropologia pela Universidade de São Paulo (USP) e professor do Departamento de História da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Num pout-pourri animado, Alvito conta sobre a tradição da Velha Guarda de tradicionalíssimas escolas de samba, como a Salgueiro e Portela, descreve as temáticas mais populares usadas pelos sambistas, ou cronistas da vida pacata carioca, passando pela malandragem, a boemia, as mulheres e os políticos. As teorias sobre a origem do samba e seu DNA, contagiado não só pela cuíca, tamborim e pandeiro, mas pela influência do jongo, do lundu e do coco.

O pezinho de Minas Gerais no desenvolvimento do samba brasileiro também é contado por Alvito. Como o monumento em homenagem a Ary Barroso construído em Ubá, na Zona da Mata, por ordem de um vereador. Uma das histórias que a obra aborda diz que Ary acordou o amigo Lúcio Rangel, às 4 horas da manhã no dia da inauguração da estátua com o convite: "Lúcio, vamos pra praça mijar no meu busto, para batizá-lo, antes que outros o façam".

Enfim, um bom livro para quem deseja, sem compromissos, conhecer as histórias do ritmo mais carnavalesco do Brasil.


"Histórias do Samba - de João da Baiana a Zeca Pagodinho"

Editora: Matrix

Preço sugerido: R$ 29,90

133 páginas

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