Homem-Aranha: a tênue linha entre o herói celebridade e o bandido

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
01/05/2014 às 12:05.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:23
 (Sony Pictures/Divulgação)

(Sony Pictures/Divulgação)

Família, amor ideal e responsabilidade. Esses três elementos que fizeram a receita de sucesso do primeiro “O Espetacular Homem-Aranha” agora representam os pontos mais frágeis da segunda aventura cinematográfica do super-herói, em cartaz a partir desta quinta-feira (1º) em 1.100 salas do país.   Para uma narrativa que trabalha suas principais intrigas de forma claramente dicotômica, não deixa de ser curioso o fato de os roteiristas terem trilhado, a partir dos mesmos ingredientes, justamente um caminho de escolhas ruins. A explicação pode estar na ampliação dos objetivos do personagem.   A família já não se resume aos tios (Ben morreu no filme anterior), abraçando cada cidadão de Nova York, perceptível nas duas cenas em que se dirige a uma criança. Pode-se alegar que Peter Parker ficou mais maduro sob a máscara do aracnídeo, mas perdeu aquilo que seus colegas de capa não tem: um amor mais genuíno.   É esse aspecto que chamou a atenção no primeiro “O Espetacular Homem-Aranha”, há dois anos, ao mostrar que o comprometimento deve vir, primeiramente, em relação às pessoas que estão próximas. E uma de suas melhores cenas é aquela em que, ao final, ele entrega a prometida caixa de ovos orgânicos à tia May.   Aprendizado que tem um pé na realidade e que foi praticamente descartado na segunda parte, trabalhando mal um gancho potencialmente enriquecedor: a relação com o amigo Harry Osborn, carente de pais como Parker, mas que, criado de maneira errada, não sabe lidar com a situação e exige do outro mais do que ele pode dar.   Até mesmo o namoro com Gwen fica em segundo plano, tirando-a de cena com a desculpa de que Parker fez uma promessa ao pai da moça de que a não colocaria em risco. O enredo privilegia um velho mote dos protagonistas da Marvel: a tênue linha que separa o herói da celebridade e de virar, da noite para o dia, um bandido.   Clichês   Os personagens da editora nunca estão em paz com a sociedade exigente e intolerante, mas o segundo filme do Homem-Aranha se atém mais aos clichês, com pessoas nas ruas assustadas e indagando a presença do salvador, além de mais uma vez se usar o fantasma do ataque terrorista de 2001.   Os episódios de ação envolvendo Aranha e Electro (de longe, um dos piores vilões da filmografia Marvel, personificado por um Jamie Foxx que não consegue impor consistência dramática) se concentram em torres, logo destruídas, e na possibilidade de choque entre dois aviões de passageiro.

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