Homens quebram paradigmas e apostam no salto alto, sem medo do preconceito

Vanessa Perroni - Hoje em Dia
19/07/2015 às 10:39.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:59
 (Eugênio Moraes)

(Eugênio Moraes)

Há sete anos, o professor de dança Túlio Cássio, 26 anos, subiu no salto pela primeira vez, em um curso ministrado por um dos coreógrafos da diva pop Madonna. Formado em danças urbanas, ele é exemplo de um exército que, nos últimos anos, vem quebrando paradigmas. “O curso foi uma ruptura de preconceito. Em 2009, pouquíssimos homens tinham a coragem de usar salto”. Mesmo confessando ainda sentir o preconceito, ele vislumbra uma mudança de cenário.

Além do olhar enviesado e da dificuldade em manter o equilíbrio, encontrar um sapato de salto alto com numeração acima de 40 é outra tarefa hercúlea. “O sapato com o qual dou aula veio da Escócia. Tenho outros dois, de lojas convencionais, mas apertam, são de uma numeração menor”, diz Túlio, que calça 42.

Os alunos também penam. O gerente de contas Tiago Divino, 27, ainda está à procura do sapato perfeito (número 44). “Está difícil. Achamos um site que faz, mas são muito altos”. Para ele, que não curte malhar, a aula foi uma opção para se exercitar e, ao mesmo tempo, se divertir. “O legal do salto é a brincadeira de gêneros que a gente faz. Não deixo de ser homem por usar salto, e tem um lado feminino divertido, que todo mundo tem”.

Assim como Tiago, o consultor de vendas Eduardo Ruas, 28, também trocou a academia pela dança de salto. “Você queima muita caloria e ainda pode brincar com coisas que gosta, como a música pop. O salto é outra brincadeira, que, de certa forma, dá até mais confiança na hora de dançar”, afirma.

Crossdressing

Salto agulha, anabela, meia pata, plataforma.... todos esses saltos eram objeto de desejo do mecânico Max Costa, 39, há tempos. Já aos 10 anos, ele, que se considera crossdresser, usava as roupas da irmã.

Atualmente, possui seis pares de salto. “Aprendi a andar rápido. O salto é parte desse universo feminino que vivo”, afirma Max, que, vale dizer, é heterossexual. Uma de suas ex, aliás, não se importava de sair com ele vestido de mulher. Fato é que, por onde passa, Max recebe olhares curiosos. “Muitos acham que estou pagando promessa, uma aposta ou é pegadinha”.

Trechos da aula de Show Style ministrada pelo dançarino Túlio Cássio, no Centro de Arte Savassi:

 

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