Para usar um jargão do pessoal da moda, o amendoim é o “novo preto”. Corresponde a dizer que é novo queridinho da estação. Sim, o mérito pode ser dado à Paçoquita Cremosa, que se tornou hit nas redes sociais, graças aos que procuravam os (poucos) endereços que disponibilizaram o potinho para venda. Quem obtivesse êxito tratava de gritar ao mundo. E a coisa foi num crescendo, fazendo pipocarem receitas interessantes.   Com a palavra, a universitária Rayza Kamke. “Sempre amei Paçoquinha, e sempre fui fanática para experimentar a famosa manteiga de amendoim americana. Quando surgiram rumores sobre a Paçoquita Cremosa, vi a ‘oportunidade’ de matar a vontade. Eu e uma amiga ficamos loucas para que chegasse às lojas e supermercados, e fomos pegas de surpresa quando soubemos que teríamos que ‘caçar’ a Paçoquita Cremosa”, brinca ela.    Na verdade, foi a amiga que acabou chegando ao pote de ouro, ou melhor, de amendoim. “Ela comprou um pote para mim e um para ela”. Mas não, a história não teve um final tão feliz assim. “Ao fim, achei que valeu mais o entusiasmo da procura. O produto é bem amanteigado, meio doce demais. Ainda prefiro a boa e velha Paçoquita”, crava Rayza, em opinião diametralmente oposta à de Desirée Suzuki. “Adorei o produto”, diz a também estudante, ainda que reconheça que a procura deu um certo tempero à história. “Estava na expectativa de provar desde que vi as imagens compartilhadas inúmeras vezes no Facebook”.   Sem achar o potinho, Desirée comprou produtos similares para amenizar a vontade. “Aos poucos, vi amigos compartilhando os locais que estavam vendendo e descobri que tinha no supermercado em frente à casa da minha tia. Liguei correndo e pedi que comprasse logo duas. Ela, que desconhecia o produto, achou que eu estava grávida”, diverte-se a garota.   Encontrar a Paçoquita Cremosa nunca foi problema para Sebastião Galdino, o Seu Tião, 53 anos. Proprietário da Delícias da Vovó, ele foi um dos primeiros a comercializar o produto na cidade. E virou referência nas redes sociais.    “Na época, estavam produzindo em pouca quantidade. As grandes redes não conseguiam comprar, pois, somado a isso, havia entraves burocráticos. Eu, que sempre tive um bom relacionamento com os fornecedores, consegui a preferência na hora da distribuição. Virou uma febre. O assunto era a Paçoquita, um trem bom de comer no biscoito, no pão ou até puro”, garante Tião, que há 39 anos trabalha no Mercado do Cruzeiro e há seis abriu a própria loja.   SUCESSO EM BEBIDAS   Proprietárias do charmoso Café Book, no Santa Efigênia, as irmãs Camila e Mariana Dornas, 31 e 29 anos, não comercializam a Paçoquita, mas celebram um dos grandes sucessos da casa, o café “Guimarães Rosa”, que leva doce de leite, paçoquinha e leite. “É um dos mais pedidos”, diz Camila. A receita veio de um desejo pessoal. “Gostamos tanto (de amendoim) que você não imagina. Acho que é reflexo de termos sido criadas comendo, seja na canjica, no pé de moleque – ou puro mesmo”, recorda Camila.   Para Mariana, poucos produtos têm tanto a identidade do brasileiro, do próprio mineiro. E destaca que o Café Book também serve milk-shake de amendoim e bolo de paçoca. Já a Cafeteria Sesc Palladium aposta no “Cappuccino Mineiro”, super procurado e bem simples: metade de um tablete de paçoca, duas colheres de doce de leite, um café expresso e leite. “Basta passar a paçoca e o doce de leite em volta da xícara e jogar o café por cima”, explica Juliano Morais, gerente.    Cumpre dizer que o amendoim também é referência na mesa dos norte-americanos. Na rede Verdemar, o sucesso da temporada é o creme gourmet Peanut Butter & Co, importado de NY. “Parte do público já é habituado a consumi-lo, resultado da forte influência e do contato, através de viagens, com a cultura gastronômica norte-americana”, diz Antônio Celso, superintendente Comercial e de Marketing da rede. 

Compartilhar