'Igreja, sinagoga, mesquita é tudo casa de Deus', diz muçulmano mineiro

Elemara Duarte - Hoje em Dia
15/03/2015 às 12:13.
Atualizado em 18/11/2021 às 06:21
 (Frederico Haikal/Hoje em Dia)

(Frederico Haikal/Hoje em Dia)

Professor de história aposentado, ex-juiz de futebol, torcedor do Cruzeiro e apaixonado com gatos, ele quer vender o Fusca de estimação, pois chegou à conclusão de que não precisa mais de carro. Daniel Yussuf é um latino-americano como outro qualquer, não fosse a orientação religiosa que segue há quase 40 anos. Ele é muçulmano e palestrante sobre a religião que é uma das minorias em BH e no Brasil - territórios essencialmente cristãos.   “Mas todos somos irmãos diante de Deus. Vou em cultos evangélicos acompanhando amigos. Outro dia, uma amiga metodista pediu para que eu fosse com ela até a igreja. Tudo é casa de Deus”, pondera o entrevistado, que prepara livro sobre a presença na capital mineira do “Islam”, em árabe, que o autor define como “a língua de Deus”, ou “Islã”, no aportuguesado.   No apartamento na Serra onde mora, ele recebe a equipe. Diante da pergunta do fotógrafo sobre o que de mais típico ele teria em casa para representar um muçulmano, o entrevistado desafia: “Vocês estão vendo alguma coisa de diferente? Yussuf estava descalço, mas com meias. “Esta é uma das características nossas. Não entramos em casa com o calçado que usamos na rua para não trazer as impurezas de fora”, explica.   Na sala, um trecho da “surata” está escrito em nobre dourado e pendurado a uma das paredes da sala. Este é o nome dado a cada capítulo do Alcorão, o livro sagrado dos muçulmanos, que é divido em 114 suratas. O trecho, sintetiza o historiador, fala da “onipotência, da onipresença e do poder do criador”. Deus ou “Allah”, nome do altíssimo em árabe, é o começo e o fim de tudo.   Durante a sessão de fotos, Yussuf fala sobre o livro que escreve, com previsão para ser lançando no ano que vem. O autor adianta que a publicação também aborda alguns princípios da religião que segue. Esta parte é uma forma didática de mostrar o islamismo aos leigos.   O historiador diz que um dos fundamentos mais importantes da religião, tanto para o homem quanto para a mulher, é fazer um esforço “supremo” para adquirir o conhecimento. “Os califas compravam bibliotecas inteiras, independentemente de que assunto fosse”, lembra, sobre a orientação, já na época islâmica, sobre os “califas”. Este é o título que se atribuía ao chefe supremo do Império Islâmico, durante o período de expansão do Império Árabe, entre os séculos 8 e 15.   Daniel nasceu em Bambuí, Centro-Oeste mineiro, e está radicado em BH há cerca de 40 anos. Na capital, um dos pontos que mais o atraem são os jardins da Praça da Liberdade. E lá fomos nós para a Praça, saber mais sobre a cultura e a visão de um muçulmano para a arte.   “Misticamente, estes jardins têm uma relação com a ideia do paraíso”, diz, ao caminhar pelas alamedas, antes de entrar em um dos centros culturais. “Sempre passo por aqui, andando de bicicleta”, comenta admirando a geometria do verde.   Daniel lembra que entre as preferências pessoais nas artes plásticas está o pintor holandês Hieronymus Bosch (1450-1516). São dele as obras “O Jardim das Delícias” e “Navio dos Loucos” que destacam o imaginário e retratam os medos. “Mas também gosto muito do Picasso. E do Di Cavalcanti, por mostrar a brasilidade”.   Em um dos centros culturais, diante das obras do artista plástico Milton Machado, na exposição “Cabeça”, que esteve em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil, Daniel Yussuf discorre sobre arte e islamismo.   “Veja este quadro, estas figuras geométricas não possuem espaço vazio e nem retratação humana. Assim é a arte muçulmana, sem lugar para o vazio. Como a ideia de Deus, que preenche todos os espaços. Eu gosto”.   No passeio, o professor ainda lembra de movimentos da literatura islâmica com poesias místicas e que falam de amor, como na obra dos poetas Rumi (Jalaluddin Rumi , 1265-1321) e Farid (Farid Ud Din Attar, nascido no século 12).   Durante a caminhada pelas galerias, o muçulmano das Minas Gerais conta histórias de matemáticos, astrônomos e físicos e lembra dos algarismos arábicos (ou “indo-arábicos”), estes que usamos hoje, considerados um dos avanços mais expressivos da matemática. Tudo criado em berço islâmico.   Para finalizar a conversa que você acompanha a seguir, bolo de coco e chá verde gravado na lata “NamasTea” - ou “namastê”, nome do gesto pacífico dos indianos para celebrar a aula de tolerância do professor muçulmano.   ENTREVISTA   Nesta sua vida como típico brasileiro, como você busca o conhecimento? Busco o conhecimento em todas as áreas, na ciência, na história, na literatura. Vou ao Cine Humberto Mauro. Na literatura brasileira, por exemplo, vejo três livros como básicos. Um deles é “Grande Sertão: Veredas”. Se você não lê-lo, você não entende Minas Gerais. Assim como as obras de Euclides da Cunha, que explicam o Brasil imperial. E “Casa-Grande & Senzala”, de Gilberto Freyre, que explicam muito as origens do povo brasileiro. Mas cada pessoa tem um impulso. Eu leio muito literatura que não é islâmica, vou ao teatro, festivais de música. Mas eu não vou, por exemplo, onde tenha músicas apelativas para o sexo ou em ambientes que vendam bebidas alcoólicas. Priorizo sempre o aspecto cultural onde quer que eu vá. E como eu gosto de futebol, hoje, assisto mais pela TV.   De onde veio a ideia de falar sobre o islamismo em BH? Há pouquíssimos trabalhos sobre o islamismo aqui. A ideia é minha e de um grupo de Medina, na Arábia Saudita, o “Da’wa”, que são grupos de divulgação do islamismo. Eles querem saber a situação das mesquitas pelo mundo. Quantas pessoas frequentam, seu funcionamento, suas atividades, quantos muçulmanos há na cidade, se são praticantes ou não. No mundo inteiro estão fazendo este levantamento. Este grupo está sentindo esta necessidade por causa dessas crises que estão acontecendo no mundo muçulmano. Antes de saber como é o islamismo no Brasil, é preciso saber como ele é nas cidades.   E em BH existem quantos adeptos? Temos 300 muçulmanos por aqui, no máximo. É muito pouco. Praticantes menos ainda, de 30 a 40 pessoas que vão à mesquita (único templo da cidade, localizado no bairro Mangabeiras) toda sexta-feira, para fazer a oração entre 13h15 às 14h.   E em Minas Gerais? Temos as mesquitas de Juiz de Fora, de Varginha, de Arapongas e de Araguari. Há cerca de 100 muçulmanos nestes locais. No Brasil, são mais de 200 mesquitas ou centros islâmicos.   Qual é a história desta religião no Brasil? Uma grande leva de muçulmanos veio para cá na época da escravidão. Eram negros de Guiné-Bissau, do Sudão, de Angola, do Mali, Nigéria. Recentemente, foram descobertos vários sítios arqueológicos com escritos que eles deixaram sobre a religião. Eles eram letrados, rezavam, não bebiam e não comiam carne de porco. Tirando esta época, no século 19, houve uma grande leva de famílias libanesas, que vieram para Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro. Eles tinham o passaporte turco por isso eram chamava de “turcos”, pois vinham de países que pertenciam o Império Otomano.   Há registro destes muçulmanos em BH? Tenho várias fotos que vou usar no livro. Consegui com um amigo de Juiz de Fora. A maioria era comerciante. Chegando aqui, eles perderam muito das raízes, aportuguesaram o nome, por exemplo: alguns com nome de “Abdala”, que vem de “Abdullah”; ou o sobrenome “Saad”, que vem de “Assaad”. Até o nome do profeta Muhammad (“Maomé”) passaram para “Mamede”. A religião também foi deixada um pouco de lado.   Como estes primeiros adeptos se organizavam na capital? A primeira sede se chamava “Sociedade Beneficente Muçulmana de Minas Gerais”, fundada em 1956, em uma salinha na rua São Paulo, de chamamos de “musalla” e que tinha o mesmo papel de uma mesquita. Funcionou ali até os anos 1990. No final dos anos 1970, veio uma família libanesa muçulmana, da cidade de Sídon, para Belo Horizonte, que era proprietária das lojas “Nova Brasília”. Eles compraram um terreno no Mangabeiras e, no final de 1980, começaram a projetar a construção da mesquita no local. No início de 1990, foi lançada a pedra fundamental. A mesquita tem o nome fantasia de “Centro Islâmico de Minas Gerais”, mas o nome jurídico ainda é o mesmo da Sociedade.   Por que a Nova Brasília fechou? Eles dominavam o comércio popular. Eram lojas de vestuário e de objetos para o lar. Fecharam por causa da concorrência com as chamas “lojas de 1,99”. Os quatro irmãos desta família voltaram para o Líbano. Eles tinham várias lojas no Centro e ainda possuem alguns imóveis por aqui. De vez em quando, eles voltam para olhar os negócios e para visitar os amigos na mesquita.   Você frequentou a primeira mussala em BH? Frequentei na década de 1980, quando vim de Bambuí para Belo Horizonte. Eu já tinha adotado o Islam como religião. Tenho antepassados muçulmanos. O Islam veio para toda a humanidade independentemente de etnia, línguas ou cor. Procurei algum lugar e fui até uma dessas lojas da Nova Brasília. Conversei com um dos irmãos que chamava “Bahige”. Ele me falou que havia esta mussalla. Até então, apenas árabes frequentavam o local. Fui o primeiro brasileiro ali. Mas, antes, eu já fazia as orações.   Como você aprendeu? Aprendi sozinho, lendo, enfiando a cara, indo a São Paulo na mesquita de lá. Há uma frase que diz: “Temos que procurar o conhecimento, mesmo que ele esteja na China”. E isso é uma frase da época do profeta, imagine como era longe a China naquela época. Hoje, para aprendermos, é mais fácil, temos livros, a internet.   O livro vai sair em português também? Será publicado em português e em árabe. Inclusive para aquelas pessoas que não conhecem a religião. Falo também sobre o que é o Islam, os pilares, a história.   Como é o costume de oração de vocês? Fazemos cinco orações diárias. Dura cerca de dois minutos. A primeira é da “alvorada” (em árabe, “fajr”). É entre o limite do fim da noite e o início do dia, às 5h. Depois vem o “dhuhr”, a oração do meio-dia. Depois, “asr”, à tarde. Em seguida, o “maghrib”, que é a oração do crepúsculo, que seria às 19h e pouquinho. E “isha”, que é no início da noite. E a oração tem que ser em árabe.   Para não esquecer, você coloca o relógio para despertar… Eu tenho marcado no celular. Tem que ter disciplina. Na verdade, tem que ter a fé e acreditar que aquilo é fundamental. A oração se alimenta da fé, e a fé se alimenta da oração. Se você perde uma coisa ou outra, você está perdendo as duas.   E se esquecer alguma? Não é tão rígido assim. Se você falha, sem ser por negligência, Deus está sabendo que a sua intenção não foi fazer isso. Mas se por preguiça não quiser fazer, já é um pecado, tanto para a mulher quanto para o homem.   Agora são 19h! Tenho que correr com esta entrevista. Não se preocupe… Estamos conversando.   Não há lugar algum em que você possa fazer a oração aqui? Mas eu me esqueci de trazer o tapete. O chão aqui é um pouco sujo… (Os muçulmanos de ajoelham e colocam a testa no chão, voltados para Meca, sobre o chão forrado).   O que sente ao fazer estas orações? É um momento de preenchimento, de contato com Deus. Por isso que não convém fazer em local que tenha barulho. Tem os lugares certos para fazer. Nem lugar em que chame muito a atenção, senão, a pessoa se descontrai. Já fiz a oração dentro do avião, aqui na Praça da Liberdade, perto do coreto, juntamente com amigos. A oração é um ato de submissão à Deus.   E sempre somos tão orgulhosos na rotina diária… Quanto colocamos a testa no chão é o momento em que nos sentimos mais submissos a Deus. Você é praticamente nada e Deus é tudo. Você o aceita como criador, que é um só para a humanidade inteira.   Mas eu realmente estou preocupada com o horário da sua oração. Esta oração eu já perdi. Vou fazer a da noite.   Alá vai vir e jogar um raio na minha cabeça por lhe atrapalhar… (Risos) Mas eu estou falando sobre Deus com você. É o que conta. Não é negligência. É uma espécie de benção.   Ao termos estas ponderações na vida, nos livramos de um monte de culpa boba, não acha? O Islam veio para suavizar a vida das pessoas. Não existe mistério. O que é o Islam? É a religião da submissão total à vontade de Deus. O muçulmano é aquela pessoa que aceita, por livre e espontânea vontade o Islam para si e cumpre os preceitos religiosos. A entrada nesta religião é muito tranquila. Mas a pessoa precisa ter um certo grau de leitura e de conhecimento sobre ela. Não é como torcer para o Atlético, para o Cruzeiro, ou gostar de ir a um clube que, se cansar, vai lá e cancela a cota. A pessoa tem que ter convicção. A partir deste momento, vai até a mesquita e na frente de todos faz o testemunho de fé, a “shahada” e diz, mas em árabe: “Não existe divindade senão Deus. E Muhammad é o profeta e servo de Deus”. A partir daí, entramos na comunidade islâmica.   É emocionante esta passagem? Eu fiz em 1981, em São Paulo. Acontece depois das orações. O shaykh (xeique) diz para que o grupo espere, pois terão um “hasanat”, que é um “presente”. Quem nasce em família islamita já entra na comunidade. Quando meu filho nasceu, fiz a shahada para ele dentro da sala de parto. Ele ainda não pratica a religião, pois tem 13 anos. Mas eu converso muito com o meu menino, pois este papel de encaminhá-lo é do pai. A partir dos 15 anos, ele vai decidir. Não há imposição. Não pode obrigar. Ele poderá escolher a religião que quiser. No Alcorão há um versículo que diz: “Não há imposição quanto à religião”.   É uma frase é muito clara. Não podemos obrigar pessoa alguma. A mulher é cristã e eu sou muçulmano e eu me caso com ela, não posso obrigá-la a ser da minha religião. A pessoa aceita pelo exemplo de outra pessoa.   Como é o perfil dos devotos de Belo Horizonte? É uma comunidade muito diversa. Depois da mesquita, apareceram muitos brasileiros. Alguns filhos de cristãos, de evangélicos e até de ateus. Eles foram conhecer e abraçaram a religião. Também temos frequentadores árabes, paquistaneses, turcos, senegaleses, pessoas de Guiné-Bissal, Cabo Verde, Tanzânia, Síria. Muitos vieram para o Brasil para trabalhar e estudar. O Islam é a última mensagem que Deus mandou ao profeta Muhammad. Com ela, se encerra o ciclo profético. Com Adão começou, e com Muhammad terminou.   Esta mistura de origens é comum em outros países? Depende. Na Rússia, há mais de 25 milhões de muçulmanos – entre russos, moradores do Cálcaso, da Chechênia. Na China, são mais de 100 milhões. Na Índia, 120 milhões. E no Brasil, não temos uma estimativa certa, mas calcula-se que tenhamos cerca de 1 milhão de muçulmanos – mesmo que grande parte não seja praticante. A grande concentração é em São Paulo e no Paraná onde, hoje, concentra o maior número de imigrantes. O Brasil possui negócios com o Oriente Médio para a comercialização da carne “halal” (chamada carne “lícita” como carne de cordeiro, frango ou boi abatida de acordo com as regras do islamismo).   Quando você faz palestras em escolas, como é a recepção dos brasileiros? Em 2013 fiz palestras para mais de 3 mil alunos em escolas particulares. Os meninos são muito curiosos. Vou com a túnica, a "takia" (touca). Faço uma conjugação entre islamismo, cristianismo e judaísmo. Tento mostrar que todos os profetas são de Deus. E que Jesus é um profeta - e um dos profetas diletos do Islam. Assim como, Moisés, Abraão, Davi e Muhammad, que foi o último. Temos 124 mil profetas enviados por Deus ao longo da história humana. A mesma mensagem que um trazia, o outro também trazia. Nenhum veio para desfazer a mensagem anterior. Quando veio Jesus, ele não disse que a mensagem de Moisés, por exemplo, estava errada. Não há contradição. O que Muhammad fez foi confirmar o que Jesus falou e mostrar que não há contradição.   Resumindo, o que todos ensinaram é a “lei do amor”? Podemos sintetizar estas mensagens como o estabelecimento da justiça divina na Terra. Quando isso acontece, estabelecemos o amor, o bem, a honestidade, o companheirismo, o ideal de caridade, de simplicidade, a paciência, o perdão.   Você dizendo isso, se a gente fechar os olhos, parece que é um pastor ou budista falando. Parece que estas palavras já saíram da boca de representantes de várias religiões. É que todos eles se alimentaram da mensagem de Deus.   Como é a sua relação com tantas religiões coexistindo no Brasil? Às vezes, vou ao sermão do padre Natanael (Paróco emérito, Natanael de Morais Campos) na Igreja de São João Evangelista, na Serra, perto da minha casa. O sermão dele não tem diferença no sentido de ser um sermão de vida, de moral, religiosidade. Às vezes, se ele me vê, ele comenta, mas sem apontar: “Temos um irmão aqui que é da religião muçulmana. Sempre que ele vem, para mim é de uma tremenda alegria”. Sou amigo dele há uns 15 anos. Todos somos irmãos frente a Deus. Vou em cultos evangélicos acompanhando amigos. Outro dia uma amiga metodista pediu para que eu fosse com ela até a igreja. Eu fui... Tudo é casa de Deus. Uma igreja é casa de Deus, uma sinagoga é casa de Deus, uma mesquita é casa de Deus, um templo evangélico é casa de Deus. Se você tem fé e não tem preconceito, você se dá bem com as pessoas. Às vezes, vou para conhecer e pelo respeito às pessoas, mesmo que a minha religião seja o Islam. Isto não me impede de frequentar a comunidade do outro, pois eu reconheço o outro um irmão meu. Se eu discordo de você é um problema meu, mas não vou dizer que você está errada. Não faria uma grosseria dessas. O Islam veio para unir os povos dispersos, para acabar com as maldades, com a violência e a intolerância.  No fundo, somos todos irmãos e temos que praticar esta irmandade.

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