Marcos “Canarinho” prefere conversar com o Hoje em Dia pelo celular, pois o telefone fixo está com interferência, devido à umidade – consequência das recentes fortes choves. Conhecendo o trabalho de expansão do universo sonoro d’O Grivo, formado por Canarinho (na verdade, Marcos Moreira) e Nelson Soares, não seria difícil imaginar a apropriação dos ruídos do aparelho como parte de uma das muitas engrenagens criadas desde os fins da década de 1990, quando o duo iniciou suas apresentações.

Atração deste domingo no projeto “Inhotim em Cena 2012”, no Teatro do Centro de Educação e Cultura Burle Marx do instituto localizado em Brumadinho, o Grivo passará a limpo um pouco desses mais de 20 anos de trabalho, levando, para o palco, cerca de dez “daquilo” que chamam de máquinas sonoras. “Há desde máquinas mais rudimentares, movidas a manivela, até as mais sofisticadas, que usam sensores e computadores”, observa Canarinho.

“LIQUIDIFICADOR”

O concerto “Máquina de Música” surgiu da proposta, feita pelo Serviço Social do Comércio (Sesc) de São Paulo, para que o duo reunisse o máximo de peças possíveis resultantes de suas engrenagens singulares. “Não é algo cronológico, até porque, as primeiras (peças) que fizemos eram bem toscas, com motores, vamos assim dizer, poderosos. Eram pouco delicados e bem barulhentos, como os de liquidificador. Hoje já usamos motores de gravador”, registra o músico.

Por incrível que pareça, o processo criativo do Grivo se origina da construção da máquina, só depois é que se busca interagir musicalmente com ela. Tudo é improvisado, embora seja uma “anarquia” dirigida, seguindo uma determinada linha sonora. “Com o computador, usamos um programa randômico que escolhe sons aleatoriamente e temos que dar uma resposta na hora”, registra Canarinho, que se reveza nas várias engrenagens com Soares. 

“Máquina de Música” - O Grivo. Amanhã, às 15h, no Centro de Educação e Cultura Burle Marx, Inhotim. Ingressos distribuídos 30 minutos antes da sessão. Informações: 3571-9700 

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