Intercâmbio com a juventude vulnerável

Pedro Artur - Hoje em Dia
23/12/2014 às 11:01.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:28
 (Frederico Haikal)

(Frederico Haikal)

O diretor teatral francês que foi um dos destaques do Festival Internacional de Teatro Palco e Rua de Belo Horizonte (FIT), Thierry Poquet esteve recentemente na capital mineira para apresentar seu novo trabalho para um público especial: jovens das casas de semiliberdade dos bairros Planalto, Letícia e Santa Amélia com o tema morte e renascimento.

“Vim para encontrar, primeiramente, a sociedade brasileira. Além disso, tive a oportunidade de encontrar com muitas pessoas com as quais fiz parcerias, como esse trabalho com esses jovens semi-internos”, explica o artista.

Além dos jovens em situação de vulnerabilidade, Poquet teve a oportunidade de ter trabalho em conjunto com aos alunos da UFMG. “É também uma forma de entrevista e interrogação dessas pessoas sobre o que pensam da sociedade brasileira”, completa.

O trabalho realizado por Poquet em Belo Horizonte faz parte de projeto de cooperação entre o Conselho Regional do Nord-Pas-de-Calais, da França, e o Governo de Minas Gerais, que proporciona práticas teatrais que despertem reflexões sobre a vida e o país.

Esse mesmo projeto, segundo Thierry, será levado ao Marrocos e à cidade de Lille, na França, no ano que vem.

Acelerador

Inventivo e sempre buscando novos caminhos, o arista francês – que conjuga as diversas artes para dar um novo sentido à construção dramática e poética – procura uma conexão entre ciência e arte. No ano passado, em parceria com o artista plástico Laurent Mulot criaram o espetáculo “Augenblick Dream” , obra pluridisciplinar que foi apresentada no último FIT, com 15 apresentações em uma yurta (uma espécie de tenda utilizada pelos povos nômades da Ásia Central) montada no Parque Municipal.

O espetáculo é uma experiência sonora e visual a partir das experiências do grande acelerador de partículas criado pela Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (CERN), montado a 100 metros de profundidade entre França e Suíça. A partir de imagens e dados sobre o grande projeto internacional, Poquet pensou em várias perguntas que povoam mentes de físicos e filósofos: de onde viemos? Para onde vamos?

No espetáculo, um homem dança com seu reflexo em um espelho em busca do seu duplo. “Trata-se de uma interrogação sobre as últimas pesquisas sobre física nuclear para imaginar novas formas de espetáculos para esse mundo de hoje através da ciência”.

O interesse pelas pesquisas não é pontual para ele. “A ciência é algo que deve ser compartilhado, é importante que todos compreendam porque há tanto investimento em grandes projetos malucos. Já o papel do artista é discutir novas ideias, proposições, histórias e possibilidades para o mundo”.

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