Ira! traz ao Palácio das Artes, show que privilegia formato desplugado

Lucas Buzatti
01/02/2019 às 07:00.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:20
 (Lening Adballa/Divulgação)

(Lening Adballa/Divulgação)

Um projeto que surgiu despretensiosamente e acabou tornando-se o cavalo de batalha do retorno de uma das bandas mais importantes do rock nacional. Assim pode ser resumido o show “Ira! Folk”, que volta neste sábado (2) a Belo Horizonte. O espetáculo, que acontece no Grande Teatro do Palácio das Artes, aposta em versões desplugadas de canções que marcaram a trajetória do Ira!. 

Nasi conta que a ideia do show partiu da vontade de ocupar espaços pouco usuais para bandas de rock. “O projeto surgiu há dois anos e meio, quando pensamos em explorar um formato diferente para ocupar espaços refratários a shows com banda, como os teatros. É um show intimista, com poucos instrumentos”, explica o vocalista. “No próprio Palácio das Artes, por exemplo, a última vez que tocamos foi com o ‘Acústico MTV’ (lançado em 2004). Agora, voltamos a esse palco nobre com esse novo espetáculo”, diz.

Nasi ressalta, inclusive, que o show guarda diferenças com relação ao icônico formato eternizado pelos especiais da MTV. “Para o ‘Acústico’, montamos uma grande banda, com muita massa sonora. Neste projeto, o formato é mais delicado”, expõe o artista, que divide com o guitarrista e vocalista Edgard Escandurra o comando da banda desde 2013, quando voltaram à ativa.

A formação conta ainda com Daniel Scandurra filho de Edgar, no baixolão, e Johnny Boy, no violão e nos teclados. “O show tem dois aspectos interessantes. O primeiro é que ele traz grande parte das músicas em suas versões embrionárias, já que a maioria dos rocks do Ira! partem da voz e do violão antes de ganharem arranjo de banda”, afirma Nasi. “O outro é que ele salienta mais detalhes de vocais, melodias e harmonias. É uma experiência diferente, que de certa forma aproxima o Ira! de uma tradição da música popular brasileira”.

O show ‘Ira! Folk’ acontece neste sábado (2), às 21h, no Palácio das Artes. Os ingressos custam entre R$ 60 e R$ 180

Reverência

O projeto – que em 2016 ganhou versão em DVD, gravada pelo Canal Brasil – leva a chancela do folk em reverência à simplicidade do estilo de origem norte-americana. “O termo folk vem da ideia de popular, dos artistas que, munidos apenas do violão, subiam em qualquer espaço e tocavam. Referência ao formato que imortalizou Bob Dylan, Simon & Garfunkel”, diz. 

“Apesar de o Ira! ser uma banda conhecida pela energia do rock, sempre soubemos navegar pelas baladas mais românticas, líricas. Mas elas entravam em conta-gotas no show e, agora, são privilegiadas”, continua o artista, citando músicas como “Tolices”, “Mudança de Comportamento” e “Boneca de Cera”. “Era uma experiência com data de validade e que acabou tornando-se importante produto do Ira!. Um show muito emocionante, que gera grande conexão com o público”.

Além de conectar banda e público, novo espetáculo reaproximou Nasi e Escandurra

O DVD “Ira! Folk” pode ser considerado o primeiro desde o retorno da banda, em 2013, de acordo com o vocalista. A esperada volta do Ira! aconteceu após seis anos de um hiato motivado por discordâncias entre ele e o guitarrista Edgard Escandurra. 

“Olhando para trás parece até um filme, por conta de toda a animosidade que houve entre nós. Mas, depois que a poeira baixou, o reencontro com Edgard foi muito natural e harmonioso”, afirma. “Agora que as decisões da banda estão centralizadas em nós dois, não há mais lugar para conflitos. Entendemos o espaço de cada um, mesmo com relação a nossos projetos solo”, completa. 

De acordo com o vocalista, os projetos paralelos dele e de Escandurra contribuiram, inclusive, para a nova formação. “Ambos os músicos que nos acompanham vieram das nossas carreiras solo. E eu diria que é a melhor formação do Ira! até hoje”, reflete. “A experiência tem sido excelente. Agora, as pessoas já se acostumaram com o retorno do Ira!. No começo, os fãs até choravam nos shows”, diverte-se. 

Além de criar uma conexão mais íntima com o público, o formato desplugado também ajudou a reaproximar Nasi e Escandurra. “É um show em que eu e Edgard estamos muito mais próximos. Por não ter as amarras de uma apresentação com banda, o formato abre mais possibilidades de improviso. Então, até por causa da estrutura mais livre, estamos nos divertindo muito”, diz Nasi.

O artista sublinha que o formato tem conquistado diferentes públicos. “Temos percebido que, apesar de ter muitos garotos na plateia, o espetáculo privilegia um público mais adulto, que não quer mais ir a shows de madrugada, que prefere assistir sentado, no teatro. Por potencializar nossas canções românticas, também atrai muitos casais”, reflete. 

“O interessante é que, durante esses dois anos de turnê, estamos voltando a algumas capitais, como a BH, pela terceira vez. Ao mesmo tempo, com 36 anos de banda, ainda conseguimos chegar a cidades em que nunca tocamos antes”, coloca o vocalista, revelando que o Ira! também já prepara um novo trabalho de rock. 

Leia mais:

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por