Irmãos famosos em diversas áreas mostram afinidade dentro e fora de casa

Clarissa Carvalhaes - Hoje em Dia
01/02/2015 às 08:21.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:51

Entre tantas profissões no mundo, esses irmãos decidiram seguir a mesma carreira. Seja por influência – simples observação do ofício alheio – respeito ou exercício diário de admiração de um pelo outro.

“Se fôssemos pensar grosso modo, claro que seria melhor que um de nós fosse advogado para tirar o outro da cadeia, ou médico para cuidar do outro na velhice. A mesma família não precisava de dois estilistas”, brinca Ronaldo Fraga, enquanto Rodrigo, o irmão caçula, concorda, aos risos.

Para Lu e Vitor Cafaggi não bastou seguir a mesma profissão. Os quadrinistas, também mineiros, ainda assinam juntos vários desenhos. Em 2013, por exemplo, criaram em parceria a edição “Laços”, da Turma da Mônica. Os paulistanos Supla e João Suplicy entram no hall dos músicos que estenderam os laços fraternos e decidiram trabalhar juntos. Montaram uma banda.

 

 

“Se não fôssemos irmãos não iríamos nos encontrar e, dificilmente, iríamos fazer alguma coisa juntos”, acredita João.

Há pouco mais de sete anos, os filhos de Marta e Eduardo Suplicy criaram o Brothers of Brazil, banda que reúne influências e paixões individuais. Por que tão tarde? “Ah! Ele sempre ficava lá com a MPB dele e eu com meu rock”, resume Supla.

“Eu e Rodrigo fazemos parte de uma geração em que as pessoas desenhavam Mais. As crianças tinham que inventar os próprios brinquedos, principalmente nós, que éramos crianças pobres. Hoje digo que todo mundo sabe desenhar, mas quando você chega aos 13 anos te convencem de que não existe girafa roxa, nem elefante com três trombas”.

Quando Rodrigo Fraga fez sua grande estreia em São Paulo, dentro da Casa de Criadores, Ronaldo já bombava nas passarelas do SPFW, uma das principais semanas de moda da América Latina.

“Ser irmão do Ronaldo me preocupava porque a comparação era inevitável. Minha primeira coleção em São Paulo acabou. Portanto, me exigindo mais. Eu tinha que mostrar que não estava ali por ninguém, nem como irmão de ninguém. Só a partir dessa coleção que relaxei. Foi ali que consegui dar meu recado”.

Hoje, Rodrigo é referência em alfaiataria masculina e Ronaldo dispensa apresentações quando o assunto é moda feminina.

“E a vida acabou levando a gente pra caminhos diferentes”, comenta Rodrigo. 

Sem interferência

A única vez que um Fraga tentou dar pitaco no trabalho do outro, o resultado não foi dos melhores.

“Eu e Ivana (esposa de Ronaldo) descobrimos que o Rodrigo ainda não tinha definido a trilha do desfile pro SPFW. E era uma época que eu comprava muito CD pela capa. Eu tinha ido ao Japão e quando cheguei fui ouvir o disco e era só criança chorando”, recorda.

“Eu falei: ‘Ivana, olha que trilha maravilhosa pra um desfile de moda masculina’. E ela: ‘Ai, maravilhoso mesmo! Vamos mandar pro Rodrigo’. Ela ligou pra ele dizendo que já tínhamos achado a trilha. Mandamos o CD e, menina, quando ele ouviu o disco ligou acabando com a gente: ‘vocês querem acabar com meu desfile?’ Depois disso nunca mais tocamos no assunto”. Felizmente, riram juntos os dois irmãos ao resgatar o episódio.

Parceria na hora de compor músicas e criar desenhos

“É uma ideia que sempre esteve no ar. A gente é irmão, trabalha com música, mas sempre foram projetos muito diferentes. Eu mesmo achava difícil conciliar isso em um trabalho. Só quando dividimos o palco pela primeira vez percebemos que havia uma química muito interessante e poderosa”, explica João Suplicy sobre o início da parceria com o irmão, o roqueiro Supla, na banda Brothers Of Brazil.

Do primeiro show em um palco improvisado, em Londres, até hoje, já foram três discos, todos com composições em parceria.

 

 

“O disco novo (Melodies From Hell) me dá orgulho. Os shows também são ótimos e esse é o lado bom. O ruim é que a gente briga muito”, comenta João, para Supla completar. “E é isso que faz nossa faísca: a MPB dele com meu rock”.

“Não é só a história de dois irmãos tocarem juntos, que eu já acho bem bonita, mas também porque somos duas personalidades muito diferentes, como água e fogo trabalhando junto”, ressalta Supla.

Traço conjunto

Ao lado da irmã Lu, o também quadrinista Vitor Cafaggi recorda a infância cercada por gibis. “Quando comecei a me entender por gente já gostava de desenhar e ler. Aos sete anos, tinha minha própria coleção”, recorda o moço, que herdou do irmão mais velho, Enzo, o interesse pela leitura.

Apesar da afinidade dos irmãos dentro e fora de casa, os Cafaggis só criaram juntos após convite para desenhar os personagens clássicos de Maurício de Sousa. “Mas, de alguma forma, sempre contribuímos um com o outro. Na verdade, a Lu sempre me ajudou muito, fosse colorindo, fosse opinando”.

Um ídolo? Pergunto aos dois. “Ah! Posso puxar saco?”, diz a caçula: “Minha referência é meu irmão. É e acredito que sempre vai ser”.

 

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