'It: Capítulo Dois' flerta com a franquia de terror 'A Hora do Pesadelo'

Paulo Henrique Silva
03/09/2019 às 19:05.
Atualizado em 05/09/2021 às 20:24
 (WARNER/DIVULGAÇÃO)

(WARNER/DIVULGAÇÃO)

 Numa das cenas finais de “It: Capítulo Dois”, em cartaz a partir de amanhã nos cinemas, a imagem mostra certa rua da pequena cidade de Derry onde é possível ler o título do filme em exibição no cinema local. É “A Hora do Pesadelo 5”, pertencente à franquia de um dos personagens de terror mais icônicos do cinema: Freddy Krueger. A citação não é gratuita, por vários motivos. A mais óbvia são as muitas semelhanças entre os antagonistas – o palhaço Pennywise invade os sonhos e a imaginação de suas vítimas, assim como Krueger, o que possibilita a criação de cenas bizarras que beiram o surrealismo, com o vilão tomando várias formas. Assim como a luva afiada de Krueger, capaz de rasgar paredes e sair do ralo de uma banheira, entre as pernas de uma personagem, o rosto do palhaço é explorado de diferentes maneiras, estabelecendo um constante clima assustador. Diferentemente de “A Hora do Pesadelo”, porém, o segundo capítulo de “It” não exibe litros de sangue. MedoUm dos pontos altos do roteiro é, em contraste às imagens fantasiosas, o fato de estabelecer um medo mais palpável, a partir da necessidade de esquecer lembranças mais desagradáveis, que têm importância no sentido de evitarmos que os problemas se repitam no futuro. Qualquer semelhança com a política internacional atual não é mera coincidência. Esta informação se sedimenta quando somos apresentados aos protagonistas – os mesmos garotos do filme anterior (“It, a Coisa”, de 2017), que se autointitulavam Perdedores. Todos eles, com exceção de Mike, o único a não deixar Derry, se transformaram em pessoas bem-sucedidas ou com posses. Mas nenhuma delas é feliz. Será preciso que eles se reencontrem e lembrem de suas frustrações e laços de amizade. O filme se constrói, em boa parte, neste vaivém temporal, conectando os Perdedores do passado e do presente, rendendo material farto a estudos psicanalíticos: nossos corpos mudam, mas reproduzimos as características do período de formação. A conexão com o hoje se faz presente também na forma reiterada como exibe instantes de intolerância e preconceitos de raça e gênero. A primeira cena pode parecer desconectada com o restante da trama ao mostrar um casal gay sendo surrado, mas tem relação com a mensagem do tipo “ninguém larga a mão de ninguém” do final.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por