Ivana Andrés vive Camille Claudel em monólogo que chega nesta terça-feira à 44ª Campanha

Lucas Buzatti
lbuzatti@hojeemdia.com.br
05/02/2018 às 18:11.
Atualizado em 03/11/2021 às 01:09
 ( Carolina Lobo/divulgação)

( Carolina Lobo/divulgação)

Uma jovem escultora tolhida de sua potência artística – por ser mulher e viver à sombra de um famoso amante – e renegada a passar três décadas no hospício. A história da francesa Camille Claudel (1864-1943) é marcada pelo amor, a arte e a transgressão, mas também por muita tristeza e sofrimento. Esses são os eixos [que sustentam a performance “Camille Claudel”, trabalho da atriz e artista plástica mineira Ivana Andrés. O monólogo fica em temporada entre hoje e dia 28 de fevereiro, no Teatro da Cidade, integrando a programação da 44ª Campanha de Popularização do Teatro e da Dança. 

Ivana Andrés conta que o texto, escrito por ela e por seu marido, o ator e diretor Luciano Luppi, foi baseado em cartas trocadas entre Camille Claudel e o escultor Auguste Rodin, que foi seu professor e tornou-se o grande amor de sua vida. “O texto coloca essa relação dela com Rodin dentro do contexto social e cultural da mulher na época, que não podia trabalhar nem morar sozinha. Camille tentou romper isso e, de certa forma, contou com ajuda de Rodin”, afirma a artista mineira. 

A performance traz Camille com idade avançada e já no hospício, onde ficou por trinta anos, internada pela família. “Ela sofreu com a rejeição de Rodin e da família. Tinha delírios persecutórios, chegou a destruir vários de seus trabalhos”, afirma. “A mãe e a irmã nunca foram visitá-la no hospício durante esses trinta anos. Apenas o irmão mais novo, Paul, que era poeta”, conta Andrés, lembrando que o texto usa de licença poética para remontar a história. 

“Coloquei ela trabalhando no hospício, como se fosse um ateliê improvisado, trazendo uma visão da arte como renovação. Mas sabemos que, infelizmente, isso não aconteceu na história”, conta a artista. 

No monólogo, Andrés, além de interpretar Camille e Rodin, também desenha, modela e canta. “Neste espetáculo teremos uma novidade. Vou desenhar uma modelo, que estará na porta do teatro, tão logo o público comece a entrar”, revela a artista, ressaltando que a história de Camille reforça a importância da luta antimanicomial e pelos direitos das mulheres. “Hoje, ela poderia ter sido respeitada como artista e reintegrada à sociedade, sem passar pelo hospício. Penso que avançamos nessas questões”, finaliza.

Serviço: “Camille Claudel” por Ivana Andrés. De terça-feira (6) a dia 28 de fevereiro (exceto dias 13 e 14), sempre às terças e quartas, às 20h30, no Teatro da Cidade (Rua da Bahia, 1.341, Centro). Ingressos: R$ 15.

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