Jards Macalé e Jorge Mautner apresentam palestra-show no Sesc Palladium nesta quinta

Hoje em Dia
04/11/2015 às 12:36.
Atualizado em 17/11/2021 às 02:20
 (Felipe Diniz / Daryan Dorneles)

(Felipe Diniz / Daryan Dorneles)

Alternativos, cômicos, talentosos e malditos. Jorge Mautner e Jards Macalé são conhecidos por vários destes adjetivos, colhidos durante décadas de carreira. E são eles os convidados do "Literaturas: questões do nosso tempo", projeto realizado pelo Sesc Palladium. Amigos desde os anos 1970 e parceiros em músicas como Planeta dos Macacos, desta vez eles se encontram, nesta quinta (5), às 20h, para uma palestra-show sobre poesia, música, vida e obra, com direito a uma parte musical ao final da apresentação.

A mediação da conversa será feita pela professora, doutora e poeta Vera Casa Nova. O evento será no Grande Teatro do Sesc Palladium e a entrada é gratuita, com retirada de ingresso 2h antes do evento.

O caras

Para que os menos habituados ao estilo de Macalé, vale dizer que ele estudou piano e orquestração com Guerra Peixe, violoncelo com Peter Dauelsberg, violão com Turíbio Santos e Jodacil Damasceno e análise musical com Ester Scliar. Todo esse conhecimento ele usa para criar um estilo debochado e único.

Inquieto, moderno e irreverente, o cantor, compositor, orquestrador e violonista atravessa uma das mais prósperas fases da carreira. Com uma agenda atribulada de apresentações invariavelmente lotadas, nos últimos anos, vem atraindo um público mais jovem, muito interessado no frescor e sofisticação de sua obra. Também tem sido reverenciado pela nova geração, em disco e no cinema. Um de seus maiores sucessos, "Vapor Barato" (dele e Waly Salomão) - que estourou na voz de Gal Costa nos anos 1970 e faz parte da trilha sonora do filme "Terra Estrangeira" (1996), de Walter Salles - foi regravada com novo arranjo pelo grupo O Rappa.

 Ainda em 2012, o artista foi a atração da série Grandes discos da música brasileira, realizada no Instituto Moreira Salles, no Rio de Janeiro, cantando e falando sobre o seu primeiro elepê, Jards Macalé (de 1972). Seus álbuns estão de volta ao mercado remasterizados. O antológico "Só Morto" foi reeditado pelo selo Discobertas, reunindo no CD as faixas do compacto duplo de 1969, que gravou com o grupo Soma. A reedição tem as músicas Soluços, O crime, Só morto (Burning night), Sem essa e outras dez faixas registradas ao vivo entre 1970 e 1973, incluindo Gotham City, que assina com Capinam. Esta última foi defendida por Macalé no IV Festival Internacional da Canção (1969).

Já Mautner, com seu violino e voz grave, é um navegador pelos vários ritmos brasileiros, tendo parcerias com nomes como Caetano Veloso. Contador de causos, Mautner inclui entre suas música muitas dessas histórias vividas no meio artístico. Nascido no Rio de Janeiro, em 17 de janeiro de 1941, filho de Anna Illich, iugoslava católica, e Paul Mautner, judeu austríaco – que vieram para o Brasil refugiados da Segunda Guerra Mundial, Mautner nasceu um mês depois de os pais desembarcarem no país. A babá dele era uma ialorixá. Portanto, cresceu em um terreiro de Candomblé, com as memórias familiares do holocausto na efervescência cultural e política sessentista.

 Aos oito anos, a família de Mautner se mudou para São Paulo, onde ele aprendeu a tocar violino. Embora fosse um ótimo aluno, Jorge abandonou a escola no 3º ano do ensino médio, sem concluir o curso. Aos 16 anos conquistou o Prêmio Jabuti com o primeiro livro, Deus da Chuva e da Morte, escrito aos 15 anos e publicado em 1962.

Morou nos Estados Unidos e seguiu para Londres, onde se aproximou de Caetano Veloso e Gilberto Gil. Em terras britânicas dirigiu e participou do filme O Demiurgo, com participação de Gil, Caetano, José Roberto Aguilar e Jards Macalé, entre outros. De volta ao Brasil, passou a colaborar com o jornal O Pasquim. Nessa época, travou seu primeiro contato com Nelson Jacobina, parceiro musical de uma vida. Em 1972, a plateia do Teatro Opinião acompanhou atônita à gravação do álbum Para iluminar a cidade. O cantor levou os estudantes ao delírio com uma interpretação singular de composições autorais; músicas que mostravam a total liberdade de um artista intelectual. Aliás, Mautner não hesita em afirmar que os primeiros álbuns são repletos de significados ligados ao que ocorreria ao longo da carreira; álbuns profundamente conectados à sua literatura.

 

Serviço:

Projeto Literaturas: questões do nosso tempo - Jorge Mautner e Jards Macalé

Data: 5/11

Horário: 20h  

Local: Grande Teatro do Sesc Palladium (rua Rio de Janeiro, 1046, Centro)

Ingresso: Gratuito. Com retirada de ingresso 2h antes do evento. Espaço sujeito a lotação.

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