Jornalista lança livro-reportagem sobre a morte de Celso Daniel

Cinthya Oliveira
cioliveira@hojeemdia.com.br
18/11/2016 às 17:08.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:43

Então prefeito de Santo André (SP), Celso Daniel foi assassinado em janeiro de 2002, após um sequestro que aconteceu no momento em que ele e um empresário saíam de um restaurante na Zona Sul de São Paulo. As investigações indicariam que a pessoa que estava com o político no momento do sequestro, Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, seria um dos mandantes do crime, ao lado de outros empresários. 

O caso que movimentou o universo político no início deste século é o tema do livro “Celso Daniel – Política, Corrupção e Morte no Coração do PT” (Record), escrito por Silvio Navarro, editor da revista “Veja”. 

Após quatro anos de pesquisa, o jornalista retoma os passos do crime e o relaciona com outros assassinatos ocorridos posteriormente. E, claro, não deixa de estabelecer uma relação entre o crime e o Partido dos Trabalhadores, que a motivação para este crime seria um esquema de corrupção que havia em Santo André para beneficiar empresas de ônibus. 

“Comecei a pesquisa em janeiro de 2012, quando escrevi uma reportagem sobre os dez anos da morte de Celso Daniel sem desfecho na Justiça. Ao longo dos anos, o crime ganhou ares de novela policial. Após o assassinato, emergiram denúncias de corrupção em Santo André que seguiam um modus operandi similar e que foram o projeto-piloto de mensalão e petrolão. A Lava Jato ligou Santo André ao petrolão. Além disso, uma série de mortes suspeitas encheram o caso de mística”, conta Silvio.

O jornalista diz que não apresenta conclusões e quem seriam os verdadeiros autores do assassinato. “O livro é técnico. Cada leitor poderá tirar suas próprias conclusões com base num mosaico de provas técnicas”, garante.

“O livro aponta uma série de lacunas no trabalho da polícia. Narra e conta a vida de personagens como o bando da favela Pantanal, que sequestrou o prefeito, e de um personagem central que o leitor descobrirá, chamado Dionísio Aquino Severo”, completa.

Silvio explica porque Celso Daniel era tão importante para o PT naquele momento em que se iniciava a campanha de Lula para a eleição para presidente – e quando seria eleito pela primeira vez. 

“Em janeiro de 2002, Celso Daniel era um dos mais promissores quadros do PT. Havia sido nomeado para comandar o plano de governo de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições daquele ano e seguramente terminaria num ministério importante. Além disso, Celso Daniel era um acadêmico muito bem preparado, discreto e conhecido pelo perfil de gestor”, explica, acrescentando que o trabalho de Celso era bem avaliado e seria uma vitrine para o partido. 

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