Jornalista mineiro publica livro em que registra as memórias do presente

Paulo Henrique Silva
16/07/2019 às 09:23.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:33
 (Élcio Paraíso / Divulgação)

(Élcio Paraíso / Divulgação)

A velocidade das mudanças em setores como política, economia e cultura tem sido tão grande que, se não for uma análise mais esclarecedora, o brasileiro certamente não teria tempo para refletir sobre o que passou e o que lhe espera no futuro. Este compromisso de buscar enxergar o que está acontecendo em meio a várias crises e transformações, inclusive da própria identidade, está no cerne do livro “Penso, Logo Duvido”, reunião de artigos do jornalista João Paulo Cunha recém-publicados pela Lira Cultura.

“Se não pararmos para pensar, corremos o risco de sermos um pouco levados pelas fatos. E o jornalista tem essa missão, de poder instrumentalizar as pessoas e oferecer-lhes uma vida mais autônoma”, registra Cunha, considerado uma das mentes mais brilhantes do jornalismo mineiro.
Não é à toa que a confecção do livro foi uma espécie de “exigência” dos amigos mais próximos, como o falecido dramaturgo João das Neves, autor do prefácio, que não queriam que as reflexões, sempre recheadas de erudição e humanismo, ficassem perdidas em meio ao caudaloso noticiário diário.

AG e DG

Os 70 artigos têm essa característica, como memória de um presente em constante transformação. Por isso, a política permeia todos os textos, divididos em AG (antes do golpe; é assim que o autor vê o impeachment da ex-presidente Dilma) e DG (depois do golpe). “Nestes tempos recentes, a política atravessa tudo, todas as nossas relações”, observa o jornalista.

Num artigo sobre o escritor japonês Kazuo Ishiguro, prêmio Nobel de literatura de 2017, ele relembra uma de suas obras adaptadas para o cinema, “Os Vestígios do Dia”, para comentar sobre a obediência cega e a impossibilidade de se ver implicado num jogo maior, relacionando com a reforma da Previdência.

“Seus textos constituem, para seus leitores e colegas de profissão, o horizonte do que seja jornalismo cultural. Ou pelo menos é o que ele deve ser”

“Não se ouvem pesquisadores, sindicatos, estudiosos do setor e o maior interessado de todos no tema, os trabalhadores. Não há vida envolvida, tudo é uma questão de números”, escreve Cunha, na época que o tema começou a ser discutido no governo de Michel Temer.

​Preocupação social

Não é a primeira vez que o autor publica seus textos jornalísticos. Em 2011, lançou “Em Busca do Tempo Presente”, seleção de ensaios publicados na imprensa mineira. “São livros bem distintos. O primeiro é mais ligado ao jornalismo cultural. O segundo tem um grau maior de preocupação social”, compara.

Com formação em Filosofia e Psicologia, cursos que completou antes de entrar no jornalismo, Cunha salienta que eles foram importantes para a construção de seu olhar mais crítico e reflexivo. “O jornalismo, diferente de outras profissões, nos obriga a estudar o tempo todo, fazendo da curiosidade um serviço para o leitor e para a sociedade”.

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