José Padilha adota o estilo “pede para sair” em “RoboCop”

Paulo Henrique Silva - Do Hoje em Dia
15/02/2014 às 18:02.
Atualizado em 20/11/2021 às 16:03
 (Sony Pictures/}Divulgação)

(Sony Pictures/}Divulgação)

“RoboCop” está mais para a segunda parte de “Tropa de Elite” do que para o primeiro filme com o Capitão Nascimento. O remake dirigido pelo brasileiro José Padilha, estreante em solo americano, acentua as questões sociais e políticas. E de forma séria e crítica. Diferentemente do primeiro “RoboCop”, lançado em 1987, em que o holandês Paul Verhoeven esbanjava sarcasmo à América livre dos anos 80, Padilha leva para o roteiro as novas relações de poder.   Ele está menos interessado na violência que assola Detroit do futuro, descartando cenas chocantes que marcaram o primeiro filme, mas ávido por lançar indagações sobre os limites do que é ético, enxergando mentiras travestidas de nacionalismo nas várias esferas.   Começa com o jornalismo, quando o apresentador vivido por Samuel L. Jackson deturpa informações para defender a implantação de robôs na segurança do país.  Passa pela insensibilidade dos empresários, que só pensam em lucros e propaganda, e deságua nos políticos, temerosos quando veem surgir um rigoroso cumpridor da lei.   Ética   O discurso é tão forte, fazendo esses diversos segmentos exporem suas contradições, que o grande protagonista vira uma mera peça da engrenagem. Ele surge como “herói” apenas nos últimos 20 minutos.    O cientista interpretado por Gary Oldman aparece como um personagem mais bem construído, por estar justamente nessa fronteira ética, sempre assinalando o quanto há de humano ou de robô nas ações do ciborgue.   Há mais tensão do que propriamente sequências de ação, que se resumem a duas.  Numa época em que o Tio Sam monitora a todos, mesmo que não sejam bandidos, Padilha parece enxergar, em escala mundial, um perigo mais abstrato. Conclusão que já havia chegado com o Capitão Nascimento.   Padilha e elenco vem para a estreia   Já em cartaz nos Estados Unidos, “RoboCop” estreia no Brasil na próxima sexta-feira, mesmo dia em que José Padilha, Michael Keaton (no papel do dono da empresa OmniCorp que cria o ciborgue) e Joel Kinnaman, que faz o personagem-título, estarão no Rio de Janeiro para participar do lançamento brasileiro.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por