Jovens escritores compartilham experiências com o público

Pedro Artur - Hoje em Dia
10/11/2014 às 08:28.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:57
 (Tuane Eggers/Divulgação)

(Tuane Eggers/Divulgação)

A literatura brasileira está em processo de renovação. Uma nova geração está chegando, abrindo espaços, com seu jeito, único, de contar histórias. E dois representantes desta centelha, de estilos distintos, estarão em Belo Horizonte. O gaúcho Ismael Caneppele, 33 anos, e a cearense Socorro Acioli, 39, lançam seus livros “Os Famosos e os Duendes da Morte” e “A Cabeça do Santo”, respectivamente, no “Sempre um Papo” de hoje, na Sala Juvenal Dias do Palácio das Artes.   Em “Os Famosos...”, Ismael retrata, com uma linguagem ágil e moderna (a internet é figura presente na obra), as inquietudes de um adolescente e sua inserção no mundo. “É na adolescência que você experimenta pela primeira vez a partida por vontade própria. Porque no nascimento é expulso, jogado na vida. E, na adolescência, sente o ímpeto, a necessidade de partir, quando a vida fala para você partir”, diz.   E, por conta desses novos avanços tecnológicos, ele diz essa “partida” ficou relativizada. Não é necessário colocar uma mochila nas costas e buscar outro lugar. “Antes ele tinha que ir para outro lugar para saber o que acontecia lá, mas hoje ele pode simplesmente acessar um site para conhecer muito desse lugar, conversar com essas pessoas”, pontifica Ismael, que descarta uma atitude conformista deste jovem.    Ismael – que com esse livro ganhou o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, trabalho que ainda virou filme homônimo pelas mãos do diretor Emir Filho – fica à vontade para falar da nova geração de escritores. Para ele, falta ousadia na linguagem. “É pouco audaciosa, inventa muito pouco em linguagem. Tem que propor alguma coisa nova, acho o Machado de Assis um dos mais modernos”, frisa o escritor.   IMAGINÁRIO DO SERTÃO    Jornalista por formação e escritora de livros biográficos e infantojuvenis, Socorro se aventura pela primeira vez na criação de uma literatura fantástica. Com uma linguagem simples e de fácil acesso, mas com um texto vigoroso. A escritora diz que precisava encontrar um tema para participar da oficina literária “Como contar um conto”, dada por Gabriel García Márquez, em Cuba, em 2006. E ficou comovida com a história que viu num jornal, na qual um prefeito de Caridade do Sertão, no Ceará, mandou construir uma imensa estátua de Santo Antônio, inconclusa por conta de um erro – o corpo montado em cima do morro e a cabeça no chão.    A sinopse do texto foi enviada e aprovada pelo próprio Gabo. A partir daí e ao longo dos últimos anos, a escritora criou um enredo fantástico, com um personagem que é enviado para encontrar o pai, missão delegada pela mãe morta, e que, ao chegar à fictícia Candeia encontra abrigo na cabeça oca do santo, onde escuta as confissões das mulheres. “Foi uma coisa inevitável escrever uma história que não fosse com o gênero fantástico, porque é absurda. O próprio García Márquez duvidou, provei ao mostrar a filmagem”, explica.   Uma das vozes importantes dessa jovem literatura, Socorro acredita que seu papel, de escritora, é de tornar o texto mais acessível aos leitores. “Queria um texto (o livro) acessível e até certo ponto popular para todos os leitores de todas as idades, para a dona de casa, para gente até com pouca instrução. E fiquei ainda mais feliz quando soube que tinha gente lendo o livro dentro do ônibus. Foi o melhor prêmio”, dispara.

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