Juliana Paes se despe da vaidade para viver amante de homem 55 anos mais velho

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
17/08/2014 às 15:56.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:49
 (Reprodução)

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GRAMADO (RS) – Para o diretor Marcelo Galvão, a entrada de Juliana Paes no elenco do filme “A Despedida” – drama sobre a relação de um homem de 92 anos (vivido por Nelson Xavier) com a amante, 55 anos mais nova, e uma das atrações do recém-encerrado Festival de Cinema de Gramado – representa uma ousadia. E não só pelo fato de a atriz global aparecer na tela completamente desglamurizada, mas também pelo fato de a moça, atualmente contabilizando 35 anos de vida, ser, fora das telas, sorridente, positiva e brincalhona.

Características muito diferentes das apresentadas pela personagem Fátima, “uma mulher entristecida e machucada pela vida”.

A atriz, que recentemente deu o ar da graça na novela “Meu Pedacinho de Chão”, tem plena consciência de que, já há alguns anos, sua estampa é sinônimo de beleza. Motivo pelo qual optou por deixar “a vaidade em casa”, como ela mesmo diz, para tornar crível a história amorosa entre duas pessoas de idades tão distintas.

Cinco meses antes do início das filmagens, Juliana teve seu segundo filho, Antônio, e ainda estava na fase de amamentação quando aceitou tirar a roupa para uma cena na banheira, “mostrando os peitos ora enormes ora murchos depois que mandava o leite para casa”.

“Eu me entreguei nas mãos do Marcelo e deixei a natureza trabalhar. Não tive pudores com isso. Minha vaidade é fora de cena, como qualquer mulher que quer ficar bonita nos eventos”, registra.

Para alívio do cineasta, Juliana Paes dispensou a maquiadora do set logo que leu o roteiro, percebendo uma rara chance de fazer uma personagem que fugisse ao estereótipo de mulher “gostosa” que viveu principalmente na TV, “onde cada friso ou olheira é retirado”.

Com “nada no lugar”, seu desempenho surpreendeu os colegas de set. Nelson Xavier observa que “a beleza maior de Juliana está na alma”, elogiando a busca da atriz por uma tristeza para a personagem.

“Externamente, até mesmo quando está feia, fica bonita. A alma dela, porém, é de uma mulher mais velha”, afirma o ator de 72 anos, que fez o caminho inverso de Juliana, exibindo um corpo vencido pela idade, mas com mentalidade jovem – exatamente como diz se sentir atualmente.

Sincera, Juliana Paes revela que chorou muito após a exibição do filme em Gramado (não tinha visto antes, em sessões privadas, devido às gravações da citada novela). E confessa que ficou sem graça com a sua reação. “Não queria que ninguém me visse chorando, pois poderia parecer algo insolente, por se emocionar com o próprio filme”, conta a atriz, que tem, no tema da passagem do tempo, um assunto muito caro a ela.

“Não sei explicar bem o porquê. Talvez por ver a minha beleza muito emulada, me pego pensando na perenidade da vida, nas transformações que sofremos”, analisa. Em sua pesquisa para o filme, ela conheceu uma garota de 38 anos que mantém uma relação com um homem de 88. “Colei nela, fui à casa dela e ficamos conversando sobre a cama, com ela mostrando fotos e cartas. Ela me explicou que, mesmo as pessoas dizendo que era bonita, tinha uma auto-estima muito baixa”.

 

“Fique à vontade”

Juliana relata que as sequências mais íntimas foram realizadas de maneira rápida e sem problemas, creditando esse fato à concentração e dedicação da equipe técnica. “Quando estávamos prestes a fazer as cenas de nudez e sexo, todo mundo sabia exatamente o que ia acontecer e qual pedaço da história estava sendo contado. Não tinha, por exemplo, um operador olhando o celular. Isso é um tipo de coisa que rouba a emoção da gente”, recorda.

Xavier deixou a atriz sem graça ao lembrar das palavras dela pouco antes de rodarem essas cenas. “A Juliana chegou para mim e disse: ‘Quanto ao meu corpo, fique à vontade’”, confidenciou, arrancando gargalhadas na plateia.

“O meu receio era que ele ficasse constrangido. Falei para ele que poderia botar a mão, pois não acharia que estaria se aproveitando de mim. O corpo tem que estar a serviço dos personagens. Se não for assim é fazer pela metade”, avalia Juliana.

(*) Viajou a convite do Festival de Gramado

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