histriônico "É Fada" (2016), que marcou seu début nas telonas.
Concebida para bombar nas bilheterias, a saga da fada Geraldine arrastou uma legião de seguidores do fenômeno da internet às salas de exibição. Na primeira semana, foi o segundo filme mais visto no Brasil, perdendo apenas para "O Lar das Crianças Peculiares", de Tim Burton.
Muito menos barulhento e comercial, "O Amor de Catarina" não se preocupa em agradar a qualquer custo os adolescentes enlouquecidos por Kéfera. Nada de rostos globais, namoricos, intrigas ou piadas descoladas.
O ritmo da narrativa também não é para um público habituado à estimulação frenética. Os acontecimentos se desenrolam de forma monótona e arrastada, tal como a vida de Rose (Greice Barros), uma dona de casa que vive de migalhas de atenção do filha adolescente e do marido. Seu único consolo é acompanhar as reviravoltas de uma rocambolesca novela de época.
Nome forte do teatro, Greice Barros tira de letra o papel e ajuda a dar fôlego a uma produção que, em diversos momentos, corre o risco de afundar. A parceria em cena com Ciliane Vendruscolo (intérprete de Dolores, amiga fiel de Rose) funciona bem e é um dos méritos da produção.
Já Kéfera surge numa versão alheia às caretas e aos palavrões -sua marca registrada na internet. Ela se esforça para convencer na pele de Catarina, heroína da TV que serve de inspiração a uma geração de mulheres.
Nessa toada de "a vida imita a arte", a certa altura a saga de Catarina se embaraça com a de Rose. Instigada pela personagem da novela, a dona de casa começa a tomar as rédeas da própria história.
Embora não exatamente original, a proposta tem seu valor. Com baixo orçamento (cerca de R$ 180 mil), o filme se dispõe a fugir do óbvio, recorrendo à criatividade e improvisos.
E não será surpresa se conseguir uma bilheteria significativa. Em dez dias no ar, o chamamento de Kéfera para os fãs irem ao cinema tem quase um milhão de visualizações.
O AMOR DE CATARINA
DIREÇÃO: Gil Baroni
ELENCO: Greice Barros, Kéfera Buchmann, Ciliane Vendruscolo
PRODUÇÃO: Brasil, 2016, 10 anos
QUANDO: em cartaz
AVALIAÇÃO: regular