Kurt Cobain: líder do Nirvana deixou sua marca no mundo da música

Álvaro Castro - Hoje em Dia
05/04/2014 às 20:14.
Atualizado em 18/11/2021 às 01:58
 (AFP)

(AFP)

Acostumado a destilar sons sujos, poesias meio desconexas e muita atitude, foi com um grande silêncio que Kurt Donald Cobain, ou simplesmente Kurt Cobain, saiu de cena, aos 27 anos. O líder, compositor e vocalista do Nirvana, uma das principais bandas de rock dos anos 90 e, sem dúvida, da história do rock, se despedia do mundo há exatos 20 anos.

Por que o silêncio? Porque, apesar de estar acostumado a encantar e embalar grandes plateias com acordes simples, mas poderosos, ninguém ouviu o tiro de espingarda disparado contra o próprio queixo. Prova é que ele só foi encontrado três dias após a sua morte, por um eletricista que tinha ido à sua casa instalar um sistema de segurança e, em um primeiro momento, o confundiu com um manequim jogado no chão.

O fato é que, apesar de trágica e até mesmo mal explicada – uma vez que foi encontrada uma quantidade enorme de heroína em seu sangue, o que dificultaria o manejo da espingarda –, a data merece toda a deferência e memória.

Considerado por muitos um gênio, por alguns um louco e por outros tantos “dos dois um pouco”, Cobain deixou sua página escrita na história da música ao, involuntariamente, conduzir uma revolução no mercado fonográfico norte-americano que se espalhou pelo resto do mundo, com milhões de discos vendidos e um estilo – o grunge (que não tem seu nome bem aceito por aqueles que dele dizem fazer parte) – levado aos mais altos lugares dos rankings de singles, álbuns e vídeos por uma série de bandas que, de um jeito ou de outro, contaram com a ajuda fundamental do Nirvana.

Um garoto simples – tímido até – nascido em Aberdeen, no frio e chuvoso estado de Washington, e que, após ganhar uma guitarra do tio, foi ganhando força e alguma densidade (convenhamos que “Polly” não é uma obra prima em termos de poesia) para derrubar o glam rock e o hard rock do topo das paradas. Aliás, foi Cobain que deu o mais fiel retrato de sua infância e juventude, no interessantíssimo documentário “About a Son”. 

Legado do artista continua vivo

“About a Son” compila entrevistas extremamente sinceras do líder do Nirvana ao jornalista Michael Azerrad, utilizadas no livro “Come as you are: A História do Nirvana”. Kurt fala de sua família desestruturada, da ausência paterna e de sua complicada vida escolar, o que permeou toda a adolescência. E, ainda, do momento em que sua vida mudou de rumo, ao ganhar a primeira guitarra, o que o fez escolher a música mesmo com talento para as artes plásticas. Mas por que uma banda com suas raízes em Aberdeen e Olympia, e que teve seu ápice em Seattle, todas em Washington, totalmente fora do grande circuito musical dos EUA, teve tanta importância? O que fizeram Cobain, Dave Grohl e Krist Novoselic para causar tanto furor? 
  Os acordes do Nirvana foram ouvidos em todo o mundo – inclusive BH. A cidade marcada pelo doce amargo do Clube da Esquina e pela voracidade do Sepultura abrigou uma geração de ótimas bandas que, se não tinham o Nirvana como combustível direto, beberam em sua fonte. E bandas para as quais abriu os canais, como as extintas Seash e Diesel (hoje Udora). É esse espírito que o guitarrista, compositor e palhaço (sim, profissional e dos bons) Bruno Tonelli, 27, do duo de música eletrônica 7 Estrelo, divide com o Hoje em Dia.
  “Sou músico desde criança por ser filho de um, mas foi o Nirvana que me libertou e me fez tomar a decisão de dedicar a vida à música. O legado de Kurt e sua banda é claro. Além de ter se tornado a maior banda do mundo nos anos 90, a maioria das pessoas entre 25 e 40 anos, hoje, ouviu muito Nirvana e a energia dos gritos melódicos e fortes do Kurt. Como eu, a maioria de bandas de BH teve grande influência desse grupo de atitude revolucionária que se destaca até hoje e ainda é tao admirado e redescoberto”.  

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