Letícia Sabatella não só interpreta canções de Chico Buarque, Cole Porter, Kurt Weill, Duke Ellington e Carlos Gardel, como também compôs oito músicas para o espetáculo “Caravana Tonteria”. O empenho é em celebração aos 25 anos de carreira da artista. Em BH, o show poderá ser visto amanhã e domingo, no Teatro Sesiminas.
Apesar de muitos conhecerem só o lado atriz, a faceta cantora de Letícia é coisa antiga. Ela era adolescente quando encenou sua primeira peça, intitulada “O Jardim da Terra”, do grupo Alma Nua, em Curitiba, onde a artista belo-horizontina foi criada. Nesse espetáculo, a artista cantava o tempo inteiro.
A veia musical vem de berço. “Minha mãe e minha vó, minhas tias, todo mundo canta. Meu pai toca piano”, relata. Ela, inclusive, já integrou o Coral Sinfônico do Paraná, o coral cênico Abominável Sebastião das Neves e a banda pop Tuba Intimista – só para citar alguns dos seus passos. “Cresci dentro do teatro Guaíra (em Curitiba) e no terreiro da casa dos meu avós, em Itajubá (MG). Natureza e arte são meu território confiável. Música era inerente”, afirma.
O show
Letícia explica que, na Caravana Tonteria, é uma performer. “É mais show do que teatro e os outros integrantes são muito feras, então, eu tenho que ser bem cantora mesmo”, diz ela, que já mostrou, por exemplo, o talento musical ao grande público também no cinema (em “Chatô – O Rei do Brasil”, filmado há mais de 20 anos e lançado 2015) e na TV (na novela global “Sangue Bom”, de 2013).
Com um caráter poético e em clima de cabaré itinerante, o espetáculo é uma mescla de gêneros, unindo o trágico, o cômico, o romance, em uma pegada moderna. O nome foi inspirado no tango “Tonteria”, única composição de Letícia no gênero. De Chico Buarque, ela cantará “Geni e o Zepellin”, uma das mais esperadas pelo público. “You’d Be So Nice To Come Home To”, de Cole Porter, “Nanna’s Lied”, de Kurt Weill e Bertolt Brecht, e “What a Wonderful World”, de George David Weiss e Bob Thiele, são algumas das canções que também entram no repertório.
Planos
Letícia se apresentará ao lado do marido, o multiinstrumentista Fernando Alves Pinto (serrote, trompete, voz e violão), e de Paulo Braga (piano) e Zéli Silva (baixo). A montagem é dirigida por Arrigo Barnabé.
As parcerias, ela garante, têm sido “o máximo” e podem até render novos trabalhos. “Temos várias ideias e um texto maravilhoso escrito por Aymar Labaki, sobre Piaf e Brecht, com um encontro improvável desses dois gênios do teatro e da música, mas muito divertido e emocionante. Daí será o repertório todo extraído de suas obras. Outra super formação. Já estamos estudando até”, diz ela, que também está negociando participações em alguns filmes e em uma novela ainda para este ano.
Engajada
Conhecida por ser uma artista engajada, Letícia já levantou bandeira contra o assédio às mulheres, a favor de indígenas e contra o impeachment de Dilma Rousseff, entre outras. Por um lado, foi aprovada, mas teve quem a hostilizasse, o que fez a atriz sentir na pele a intolerância. “(Isso me) afeta e se transforma em força, mas dói e faz entristecer bastante, até fisicamente. Um horror, uma lástima essa ignorância, esse ódio tão cego, uma doença”, comenta.
Mesmo assim, não largou mão das lutas. Pelo contrário, Letícia diz que tem um compromisso com a “justiça”, a “verdade” do que vê e acredita e continua a se posicionar por sentir na alma a dificuldade de pessoas que conheceu em condições extremas de miséria e por querer participar de uma transformação. “Desde menina, já me questionava sobre um sentido maior para minha vida. Não me bastaria existir para o meu crescimento exclusivamente”, diz.
Serviço:
“Caravana Tonteria”, no Teatro Sesiminas (rua Padre Marinho, 60, Santa Efigênia). Sábado (1º), às 20h, e domingo (2), às 18h. Ingresso: R$50 e R$ 25 (meia).