Licon: Rapper fala sobre novo EP, cena atual, origens na música e o nome inspirado em Che Guevara

Thiago Prata
@ThiagoPrata7
07/07/2020 às 19:04.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:58

Natural de Medina, no Vale do Jequitinhonha, Thiago Che Guevara Almeida de Araújo explica o significado de parte de seu nome e o porquê da escolha de ‘Licon’ como alcunha artística. “Meu pai era muito fã do Che Guevara e, desde que eu era pequeno, ele falava comigo que eu era revolucionário (risos). O ‘Licon’ é a junção de ‘liberdade’, algo pelo qual Che Guevara sempre lutava, e ‘consciência’, que vem do hip-hop’”, relata o rapper de 22 anos.

A ‘profecia’ se fez como previsto, e Licon se tornou uma figura engajada dentro da cena mineira. O novo EP, “Moss”, reitera a filosofia musical do rapper, ao mesmo tempo que alude às origens e à trajetória inicial do jovem cantor. “‘Moss’ é ‘moço’, dito em bom ‘mineirês’, acentuando o sotaque com a supressão do último fonema”, ressalta. “É uma das gírias que mais uso e que me remete à minha terra”, complementa o artista.

A palavra “Moss” e a capa, com uma imagem do músico, ainda criança, montado em um cavalo, são a porta de entrada para um EP com caráter biográfico e que dialoga com o contexto atual da sociedade.

“Minha cidade tem 23 mil habitantes, é pequena, se comparada a Belo Horizonte, por exemplo, e não possui muitas políticas públicas para cultura. Mesmo assim, a arte brota de todos os lugares. Só que não fugi da estatística da migração para a capital, a fim de obter mais oportunidades na vida pessoal e na carreira”, recorda.

Essa vivência está inserida em temas de “Moss”. “Trouxe muito da minha história para o álbum. Nele falo dos processos que passei vindo para cá (BH), lidando com os muros da vida. Em cada faixa, canto minha trajetória, de ter uma filha, das dificuldades, das dúvidas de ser um jovem... Várias pessoas da minha terra e de outros lugares se identificaram. É a história de vários brasileiros”, comenta.

Sonoridade

Com sete canções, o álbum traz um vasto cardápio musical, segundo seu criador. “É um disco bem rico, com versatilidade, músicas acústicas, violão, batidas mais pesadas, batidas trap mais contemporâneas... Consegui trazer bem essa identidade, de mostrar que posso trabalhar em vários nichos da música”, diz.

O EP conta com produções dos beatmakers Jay Leo, Fantini e BAKA, além de participações de Capone, Keops e Raony e arte de capa assinada pela designer e fotógrafa Pri Garcia.Pri Garcia/Divulgação

Rap

Foi com 13 anos, quando passou a morar com a mãe em Jaboticatubas, na Grande BH, que Licon ‘descobriu’ o rap. “O Emicida estava em ascensão na carreira dele, e o estilo me chamou atenção. Ouvi algo que tinha mais a ver com minha realidade. A cena de BH é bem bacana, tenho orgulho dela”, ressalta. A partir dali, passou a utilizar essa via para manifestar sua arte e seu discurso: “Coloquei para mim que (o rap) seria minha faculdade, meu ganha-pão, minha empresa”.Pri Garcia/Divulgação

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