Chinês Mo Yan recebe o Nobel de Literatura

AFP
11/10/2012 às 18:46.
Atualizado em 22/11/2021 às 02:01
 (Peter Lydén/ AFP)

(Peter Lydén/ AFP)

ESTOCOLMO, Suécia - O romancista chinês Mo Yan recebeu nesta quinta-feira (11) o Prêmio Nobel de Literatura 2012, concedido por sua obra que retrata de forma realista a turbulenta história de seu país e seu apego à terra da China oriental, onde cresceu. Mo Yan, de 57 anos, consegue conjugar "com realismo alucinatório, lendas, histórias e elementos contemporâneos", destacou a Academia Sueca.   É o segundo escritor de língua chinesa a ganhar esta premiação. Antes dele, um primeiro escritor nascido na China, Gao Xingjian, dissidente naturalizado francês em 1997, recebeu o prêmio em 2000. Mas esta informação foi censurada pela imprensa chinesa.   Mo Yan nasceu em 1955 em uma família de agricultores que experimentou a fome durante o período de 1958-1961, quando a campanha de coletivização excessiva, iniciada por Mao, provocou a morte de 20 a 50 milhões de pessoas.   Em sua cidade natal, na província de Shandong, viveu uma juventude marcada pela privação, uma escolaridade complicada e rapidamente interrompida, em meio À Revolução Cultural.   Mo Yan, contactado pela Academia, recebeu a notícia quando estava na casa de seu pai. "Ele está extremamente feliz e assustado", informou o secretário da instituição, Peter Englund, entrevistado pela televisão estatal sueca.   Segundo a agência Nova China, o escritor declarou que, "ao saber que me concederam esta recompensa, eu me senti muito feliz".   "Vou me esforçar mais na criação de novas obras. Quero trabalhar mais para agradecer a todo o mundo", acrescentou.   O laureado usa um pseudônimo que significa "não fale". Seu verdadeiro nome é Guan Moye.   O seu romance mais conhecido, "Sorgo Vermelho", ganhou uma adaptação para o cinema do diretor Ahang Ymou, que venceu o Urso de Ouro do Festival de Berlim em 1988.   É um dos escritores mais renomados da China. Considerado próximo do regime de Pequim, tem sido criticado por outros escritores chineses por sua falta de apoio aos autores dissidentes.   Contudo, segundo a Academia Sueca, "The Garlic Ballads" (As baladas do alho, em tradução livre) e uma sátira intitulada "The Republic of Wine" (A República do vinho, em tradução livre) "são considerados subversivos em razão da crítica à sociedade chinesa contemporânea".   Sua obra está impregnada de um realismo que beira a violência, e que retrata todas as mudanças bruscas atravessadas pela China, do período anterior ao comunismo até a invasão japonesa durante, a Revolução Cultural e outras fases conturbadas.   Em "Big Breasts and Wide Hips" (Seios grandes e quadris largos, em tradução livre), ele assinou um vasto painel da história chinesa no século XX, com uma história trágica sob visões eróticas e personagens mais ou menos equilibrados de um vilarejo, incluindo um menino filho de uma camponesa chinesa e um pastor sueco.   "Ele criou um universo que, por sua complexidade, evoca os de William Faulkner e Gabriel Garcia Marquez, ao mesmo tempo que tem seu ponto de partida na antiga literatura chinesa e na tradição oral", destacou o júri.   "Foi uma das melhores escolhas que a Academia Sueca fez, porque ele é brilhante", afirmou ao canal sueco o especialista em China da Academia, Göran Malmqvist.   "A concessão do Nobel a Mo Yan é um acontecimento feliz para a literatura chinesa", comentou He Jianming, vice-presidente da Associação de Escritores Chineses, uma entidade oficial.   O Diário do Povo, órgão oficial do Partido Comunista no poder, transmitiu suas felicitações a Mo Yan, segundo seu site.   Nenhuma obra de Mo Yan foi traduzida ou editada no Brasil até o momento.   A Fundação Nobel diminuiu neste ano o prêmio em 20%, a 8 milhões de coroas (cerca de US$ 1,2 milhão) contra os 10 milhões desde 2001. Ele receberá o prêmio durante a cerimônia oficial em Estocolmo no dia 10 de dezembro, data da morte do fundador do Prêmio, o sueco Alfred Nobel.

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