Em livro voltado ao público infantil, Daniel Antônio se inspira no sobrinho

Patrícia Cassese - Do Hoje em Dia
01/10/2012 às 11:08.
Atualizado em 22/11/2021 às 01:42
 (Odilon Moraes/Divulgação)

(Odilon Moraes/Divulgação)

O jornalista Daniel Antônio nunca tinha pensado em escrever para crianças. Até que, certo dia, colocou o ponto final em um conto curto, sobre a lembrança de infância de um garoto. E percebeu que ali havia um tom que poderia, sim, agradar ao público infantil. "Escrevi mais cinco textos e formei meu primeiro livro, 'O Menino Comum'". O curioso é que, já de cara, o mineiro (atualmente residindo em Paris) faturou o prêmio João de Barro (em 2006).

Devidamente respaldado, Daniel volta a este nicho agora, com "Maldito Peter Pan" (Editora Scipione, 32 páginas), livro no qual o personagem principal, Lucas, é confessadamente inspirado em seu sobrinho – que, diga-se de passagem, adorou ser retratado. "Ainda bem", suspira, aliviado, o tio coruja.

O menino só fez a seguinte ressalva: "Mas eu fiz tudo isso, Tio Dani?". Ao autor, restou fornecer a explicação cobrada – "de que era literatura, e que muita coisa ali tinha sido inventada. Foi divertido".

Vilões

A história flagra Lucas em uma fase da vida na qual uma de suas manias instiga a mãe: o garoto, cinéfilo de nascimento, demonstra especial apreço pelos vilões das histórias. Assim, se transforma em Lucas-gancho, Lucas-monstro, Lucas-Vader... O motivo? Bem, aí o leitor vai ter que seguir até o desenlace.

Além da trama, vale ressaltar o belíssimo trabalho do ilustrador, Odilon Moraes. "Ainda bem, ele conseguiu um tempo para ilustrá-lo. O Odilon é um cara super inteligente e sensível. Quando soube que seria o ilustrador, fiquei feliz e despreocupado. Temos ideias parecidas", diz Daniel, que já voltou à cidade-luz, ainda que esteja em contato direto com seu país de origem.

Em junho último, por exemplo, Daniel publicou cinco contos curtos no Suplemento Pernambuco. "São textos bem concisos sobre personagens em fuga, quase todos relacionados ao cinema. Eles fazem parte de um livro inédito. Além desse, estou escrevendo um romance".

Cinema

Nascido em Divinópolis, Daniel está em Paris para estudar a obra de um cineasta ("bem radical"), Jean-Daniel Pollet. "Ele trabalhou com escritores como Philipe Sollers e fez uma bela adaptação da obra do poeta Francis Ponge. Fiz um mestrado em cinema e agora estou na literatura. Sempre trabalhando a ligação entre as duas artes", reflete.

Daniel dirigiu alguns vídeos ("ou exercícios audiovisuais"), mas diz que não quer se enveredar por esse caminho. "Pelo menos não agora. De toda forma, o cinema é muito presente na minha literatura".

Mas, claro, ele não disse adieu ao Brasil. Pretende, sim, cruzar o Atlântico de volta. "A princípio, fico aqui um ano. Depois não sei. Adoro Belo Horizonte e adoro São Paulo. Quando voltar, vou ter que decidir. Minha família mora em Divinópolis. Por isso, estou sempre em Minas".

Mutante

Seja como for, arrumar as malas não é problema algum para o moço. "Sempre gostei de viajar, mas a minha família não gosta tanto", brinca ele. "Só quando comecei a ganhar o meu dinheiro é que pude fazer as viagens que queria. A primeira vez que sai do país foi para ir a Machu Picchu. Foi incrível. Mas também não viajo tanto assim", ressalva.

Sair do lugar, lembra ele, é necessário, "pois me ajuda a compreender várias coisas". "Principalmente quando moramos fora e temos que encarar as diferenças culturais. Além de ser estimulante para a escrita", conclui.

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