Neil Young repassa a vida em autobiografia

Patrícia Cassese - Do Hoje em Dia
14/10/2012 às 12:53.
Atualizado em 21/11/2021 às 17:12
 (Frederic J. Brown/AFP)

(Frederic J. Brown/AFP)

“A vida é um sanduíche de bosta. Coma ou morra de fome”. A frase, algo insólita, é citada logo no inicinho do capítulo 5 de uma autobiografia que, sem dúvida, vai suscitar interesse de uma parcela considerável de apreciadores da boa música: a de Neil Young, que aporta às prateleiras com a chancela da Globo Livros.

Mas não, a frase não é do canadense, que no próximo dia 12 completa 67 primaveras, e sim do ex-produtor dele David Briggs. Mas é bastante reveladora dos sentimentos do músico com relação à vida.

Reflexões

O livro é um calhamaço. A leitura, porém, flui fácil. Já nas primeiras páginas, o leitor flagra Neil Young se preparando para um encontro decisivo, no qual apresentaria, a um alto executivo, sua ideia para salvar sua forma de arte: a música.

Natural, a música permeia as 408 páginas. O filho ilustre de Toronto lista, por exemplo, canções que, diz, podem ter moldado sua composição musical: pepitas como “Evergreen”, com Roy Orbison, “um dos mais belos sentimentos já gravados”.

Mas à música se somam reminiscências de vida, de uma punção lombar ou da vez em que tocou com “um certo Charlie” – que mais tarde assassinou Sharon Tate. Interessante notar as análises realistas que o hoje sessentão faz sobre o que considera seus erros, como o excesso de ego.

A morte também entra em destaque. “Amo viver. Não quero morrer tão cedo porque não estou pronto”. A fama de difícil não é refutada. “Gosto de tocar para um público interessado, por exemplo. Não gosto de pessoas nas primeiras filas da plateia falando ao celular. Esses ricaços que podem pagar pelos melhores lugares me perturbam e fazem com que me sinta um objeto de museu”.

Brasil

O Brasil entra em cena, através de experiências como a palestra no Festival SWU, em SP. “Estou aproveitando um pouco da fama para tentar fazer a diferença. Para o que mais serve a fama? Quero apenas ter voz. Podem me chamar do que quiser”, diz, sincero.

Os tempos “modernos” também inspiram reflexões. Como o YouTube.

“Se, ao tocar gaita, a meleca escorrer de seu nariz e lambuzar sua camisa, o YouTube vai registrar isso”, reclama.

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