Quanto mais velinhas soprar, melhor para os fãs dos quadrinhos

Elemara Duarte - Do Hoje em Dia
23/12/2012 às 09:14.
Atualizado em 21/11/2021 às 19:58
 (Alejandro Pagni/AFP)

(Alejandro Pagni/AFP)

Zé Carioca faz 70 anos. Snoopy, 65. E pasme! Neste ano, a menina Mafalda e o sedutor Homem-Aranha entraram para o time dos cinquentões. Daqui a poucos meses, a Mônica completa meio século de vida e Jonny Quest, seis décadas, ambos ainda com carinha de criança. Quem também já “virou o Cabo da Boa Esperança”, mas sem perder a ternura, é Pateta, que soprou 80 velinhas, em 2012.

Mesmo com a idade avançada, o tempo parece não passar para eles, que aparecem sempre “inteiraços” nas revistinhas e desenhos animados. E talvez graças a essa “mágica” é que eles ainda seduzam e, consequentemente, vendam tanto.

Por causa do “niver”, pela primeira vez, estão sendo publicadas todas as tiras de jornal do personagem Zé Carioca produzidas entre 1942 e 1944, nos Estados Unidos, pelos Estúdios Disney. Em dois volumes, a revista intitulada “Zé Carioca – 70 anos” (Editora Abril) traz seleção de histórias dos anos 40 aos 60. Todo material foi recolorido digitalmente para o deleite de colecionadores do personagem mais “171” do universo HQ. Cada volume está sendo vendido nas bancas por R$ 16.

Boa vizinhança

A criação do personagem veio nas ações da “política de boa vizinhança” dos norte-americanos, criada pelo presidente Roosevelt nos anos 30. Para os mais críticos, a ideia era impor a influência cultural dos Estados Unidos aos países vizinhos. Não precisa de muita imaginação para entender que esse processo teve – e ainda tem – bastante êxito pras bandas de cá. Para isso, Walt Disney veio ao Brasil.

Criado em 1942, as tiras de Zé Carioca – ou “Joe” Carioca, conforme nome americanizado – começaram a circular mesmo no país que lhe serviu de cenário em 1961. Antes de entrar para os quadrinhos, o amigo brasileiro do Pato Donald foi para o cinema, onde estrelou no filme “Alô, Amigos”. “Hoje, o personagem é mais popular no quadrinho”, lembra o editor de quadrinhos da Editora Abril, Paulo Maffia.

Mas a publicação chegou ao Brasil e tomou fôlego mesmo quando passou a ser feita pelo ilustrador Renato Canini e pelo roteirista Ivan Saidenberg. “Com eles, Zé Carioca ganhou alma brasileira”, comenta Maffia. “Eles foram os primeiros artistas do Brasil a tratarem da favela com um olhar positivo, no sentido de comunidade. O Ivan sempre ia a um bar na entrada de uma favela no Rio, onde ouvia muitas das histórias que escreveu”.

Tiras inéditas

Hoje as revistas do papagaio falante vivem de reproduções. “Em 2013, voltaremos com a publicação de inéditas com Zé Carioca no seu universo de sempre, mas com celular e personagens que usam o computador”, anuncia Maffia.

A não menos brasuca Mônica foi criada em 1963, baseada na filhinha do Mauricio de Sousa, com o mesmo nome. No início, saía nas tiras do Cebolinha, nos jornais. Depois acabou virando a dona da turma. Para 2013, o ilustrador prepara “O Ano da Dentuça”. Aguarde.

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