Livro aborda história de Venda Nova, cheia de lendas, lutas, lugares e personagens

Da redação
almanaque@hojeemdia.com.br
25/11/2021 às 14:36.
Atualizado em 05/12/2021 às 06:19
 (BIANCA DE SÁ/DIVULGAÇÃO)

(BIANCA DE SÁ/DIVULGAÇÃO)

Pouco antes do antigo Curral del Rey ganhar forma e da histórica Ouro Preto ser inaugurada, a região de Venda Nova pulsava há muito como um organismo vivo, capaz de alimentar a curiosidade e a fome de tropeiros e coronéis do século XVIII. Essa é uma das histórias presentes no livro “Venda Nova”, do historiador Bruno Viveiros Martins, 35º título da coleção “BH – A Cidade de Cada Um”, com lançamento neste sábado (27), às 11h, na livraria Ouvidor Savassi (Rua Fernandes Tourinho, 253).

Na publicação, os editores da coleção “BH – A Cidade de Cada Um”, José Eduardo Gonçalves e Silvia Rubião, se dedicaram a recuperar histórias quase esquecidas sobre Venda Nova, uma região que cresceu de forma indiscriminada, servindo de abrigo para viajantes e que hoje condensa cerca de 250 mil moradores, praticamente uma cidade – maior que centenas de municípios de Minas Gerais.

“Muitas vezes, o desenvolvimento acelerado de um lugar faz com que certas marcas históricas se apaguem, construções desapareçam, personagens sejam esquecidos. O resgate é nesse sentido, é uma atitude contra o esquecimento. O que o livro pretende é dar ainda maior visibilidade a essa bela história, fazendo o registro de um lugar que tem todos os méritos para integrar o patrimônio afetivo da cidade”, diz José Eduardo.

Por quase três séculos, Venda Nova pertenceu a Sabará, Santa Luzia e Ribeirão das Neves, antes de ser anexada à capital Belo Horizonte em 1948. Durante o Brasil Império, a região desempenhou um importante papel político, comercial e religioso.

O sucesso entre tropeiros e viajantes correu de boca em boca devido às inúmeras vendas que se instalaram por seu território – daí o nome da região – muitas delas de propriedade de portugueses, oferecendo desde a fartura de mantimentos, como arroz, feijão e toucinho, até produtos utilitários raros para a época, como querosene e couro.

“Queria entender como um arraial fundado no século XVIII passou a fazer parte de uma capital planejada e inaugurada no século XIX. Ou seja, enquanto Venda Nova possui mais de 300 anos de história, Belo Horizonte tem pouco mais de 120 de existência”, comenta o autor do livro, Bruno Viveiros Martins.

Puxado por esse fio histórico, a partir de relatos de personagens que contam com as próprias memórias e vivências da região, de pessoas comuns até nomes mais reconhecidos de Venda Nova, como a dupla Neyde & Nancy, o chargista Duke e o humorista Geraldo Magela “Ceguinho”, o livro de Bruno Viveiros percorre dos tempos do Império até a modernidade.

A narrativa investiga figuras como padre Pedro Pinto, primeiro cidadão a conseguir habilitação para dirigir em Belo Horizonte, conhecido por ser um eloquente orador caridoso; até referências que se tornaram tradicionais na contemporaneidade, como o Baile da Saudade, que explodiu a cultura black soul por toda a capital mineira sob a influência de Toninho Black, e a Quadra da Vilarinho, famosa por abrigar a história da aparição de um Capeta, que rendeu notícia até no exterior, em publicação do jornal americano “The New York Times”.

“Falo também dos armazéns, mercearias e mercadinhos que fazem parte da história de Venda Nova; do amor pelo esporte, a exemplo do futebol amador, do ciclismo e das corridas de cavalo; da luta dos moradores por melhores condições de vida, como o acesso à educação pública a partir de colégios como o Santos Dumont e o Geteco; da defesa das áreas verdes e espaços de sociabilidade pública, como o Parque Serra Verde, o Centro Cultural Venda Nova e o Centro de Memória Regional”, lista o autor.

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