Livro monta trajeto visual entre as ilhas de Santiago e do Fogo, em Cabo Verde

Lucas Buzatti
lbuzatti@hojeemdia.com.br
01/11/2017 às 16:19.
Atualizado em 02/11/2021 às 23:30
 (Ezequiel Montrond/Divulgação)

(Ezequiel Montrond/Divulgação)

Em 2011, o mineiro Felipe Chimicatti partiu para Cabo Verde ao receber uma proposta para trabalhar como redator e fotojornalista de um dos principais periódicos do arquipélago africano. Nas viagens pelo país, conheceu algumas de suas dez ilhas, como a de Santiago e a do Fogo, onde se impressionou com a comunidade Chã das Caldeiras, localizada aos pés de um vulcão em atividade. 

O fascínio pelo local motivou o retorno três anos depois, quando Chimicatti e o também fotógrafo e artista visual Pedro Carvalho clicaram, durante um mês, as imagens compiladas no livro “Santiago – Fogo” (Edições Chão da Feira). A publicação será lançada neste sábado (4), na Casa Kubitschek, com distribuição gratuita de exemplares e bate-papo com os autores. 

Chimicatti conta que o livro ilustra o trajeto visual entre as ilhas de Santiago e do Fogo. “Tentamos traçar um pouco da diáspora na ilha de Santiago, que é um local muito transitório. Metade dos cabo-verdianos não moram em Cabo Verde, então a ilha é esse lugar de passagem, habitado de forma provisória”, explica. “Já a Ilha do Fogo é um local em transformação, por causa das erupções vulcânicas”, conta. 

Uma vez que o vulcão entra em erupção três vezes por século, a comunidade de Chã das Caldeiras se reconstrói constantemente. “A paisagem que fotografamos, inclusive, foi totalmente modificada pela última erupção, que aconteceu em novembro de 2014”, conta Chimicatti. “As pessoas deixam a comunidade e a lava toma toda a ilha. Depois, voltam e reconstroem tudo sobre o local soterrado. Você tem lá idosos que viveram as três últimas erupções e, por isso, habitaram três locais distintos”, completa.

O fotógrafo conta que os cliques, todos assinados pela dupla, sem autoria individual, foram feitos de forma totalmente analógica. “As imagens de Santiago foram produzidas em câmara 35mm e as de Fogo, em Super 8”.

Ele ressalta que o foco das imagens são as paisagens naturais do trajeto. “Há poucas fotos de pessoas, por conta desse caráter transitório. Passamos tempos andando por lugares vazios, cheios de paisagens e vestígios da presença humana. Então, nos detivemos a esses vazios que, por estarem num arquipélago, sempre levam ao mar”, finaliza.

Serviço: Lançamento de “Santiago – Fogo”. Sábado (4), às 10h, no Museu Casa Kubitschek (av. Otacílio Negrão de Lima, 4.188, Pampulha). Entrada franca. 

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