Luis Lobianco estreia em BH peça sobre vida de artista trans morta em Portugal

Thiago Pereira
talberto@hojeemdia.com.br
03/01/2018 às 15:09.
Atualizado em 03/11/2021 às 00:34
 (ELISA MENDES/DIVULGAÇÃO)

(ELISA MENDES/DIVULGAÇÃO)

Luis Lobianco é um dos nomes à frente da melhor comédia produzida no país na última década: o Porta dos Fundos. Para os espectadores fieis, o ator já protagonizou uma galeria de ótimas esquetes do canal de vídeos, como “Prisão”, “Branding” e “Pedreiro”.

Este último sublinha uma das marcas que cimentaram o Porta como conteúdo urgente para os tempos que vivemos: o sexismo e a discussão de gênero, onde o personagem que dá título ao episódio, ao “cantar” grosseiramente uma moça, toma uma inversão inesquecível. “Por minha formação de teatro, sempre o entendi como primeiro, um lugar de debate, de expor as questões do nosso tempo”, diz o ator. “E isso independe do gênero, se é humor, drama, musical. O importante é o público sair transformado”.

Diante deste crença, Lobianco desembarca amanhã em BH e fica em cartaz até o dia 05 de fevereiro, no CCBB, na Praça da Liberdade, com “Gisberta”. Na peça, ele encarna uma brasileira vítima da transfobia que teve morte trágica em 2006 em Portugal, após ser torturada por um grupo de 14 menores de idade. Na ocasião o caso ganhou destaque nas discussões sobre a transfobia no país e ela se tornou ícone na luta pela conscientização para uma erradicação dos crimes de ódio contra gays, lésbicas e transexuais.

“Neste caso, temos o teatro, encenando a morte de uma sociedade inteira, é o fracasso do humanismo. Se 14 menores fazem o que fizeram com Gisberta, é porque algo não está certo entre nós”, aponta Lobianco. Ele revela que as irmãs da artista assassinada acompanharam o processo da peça, foram à estréia e disseram que “agora a justiça estava feita, pela arte, de alguma maneira. E isso é muito forte, muito grande”.

PROCESSO

Pouco conhecida no Brasil, a trajetória de Gisberta chegou como música para o ator. Em 2016, Lobianco estava em busca de uma história para montar uma peça. Ao escutar o registro de Maria Bethânia em “Balada de Gisberta”, a ficha caiu. “Naquele momento, bateu a curiosidade de conhecer a história. Por coincidência, no dia completavam-se 10 anos do crime. “Estarrecido”, ele passou a contactar pessoas envolvidas na história, como jornalistas lusitanos e artistas que se mobilizaram pela causa, que forneceram tessitura para o trabalho.

Assim, Lobianco atua como uma espécie de embaixador desta triste história, através da atuação. “Gisberta se tornou um ícone em Portugal desta luta. No Brasil, esse tipo de crime parece cada vez mais banal, infelizmente. Mas, eu, como artista, estou sempre em busca da luta pela diferença, da visibilidade do outro”, diz.

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