Músico recorre a passado seresteiro para superar crise financeira em tempos de coronavírus

Thiago Prata
@ThiagoPrata7
30/04/2020 às 20:03.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:24
 (Rodrigo Valente/Divulgação)

(Rodrigo Valente/Divulgação)

“O Rei dos pedidos é Roberto Carlos, principalmente para a canção ‘Como É Grande o Meu Amor Por Você’”, revela Bernardo Dias, perguntado sobre qual música é a número 1 nas encomendas de serenatas enviadas a ele. “Também busquei na memória músicas de serestas antigas, ‘A Noite do Meu Bem’, ‘A Volta do Boêmio’, ‘As Rosas Não Falam’, ‘Carinhoso’... Também recebo sugestões: Lulu Santos, Beto Guedes, Elis, Chico Buarque...”, completa.

Sócio-proprietário da casa de shows A Autêntica e músico profissional, Bernardo recorreu a seu ‘passado seresteiro’ para obter renda financeira, uma vez que suas atividades profissionais foram paralisadas durante a pandemia do novo coronavírus. “Já estava há alguns dias pensando em possibilidades para conseguir alguma renda de maneira on-line, alguma opção fora da música. Pensei em fazer pizza”, relata.

Até que uma amiga sugeriu a ele que fizesse serenatas no Dia das Mães. “Vi potencial nisso. Poderia ser para Dia das Mães, festa de aniversário, alguma homenagem... Fiz um post (no Facebook e no Instagram) dizendo que estava disposto a fazer serenatas. E a coisa começou a tomar forma. Passei a pensar nas apresentações. A primeira delas está marcada para segunda-feira agora. Em 24 horas, fechei dez ‘shows’ e recebi uns 20 pedidos de orçamento”, conta.

Em função dos cuidados tomados neste isolamento social, o músico destaca uma forma de promover essas celebrações sem causar aglomerações. 

“Estou tomando cuidados. A pessoa homenageada nesta segunda-feira mora no terceiro andar de um prédio. Então, vou levar uma caixa de som e a ligarei no meu carro para que ela (a aniversariante do dia) possa ouvir. A ideia é não entrar em casas e prédios. Vou fazer deslocamento com máscara, e somente eu irei, não terá ninguém para me ajudar. É rua e janela, sem contato com ninguém”, diz.Rodrigo Valente/Divulgação

Tradição

A serenata é, como Bernardo ressalta, algo que está no seu DNA. “Venho de uma família de músicos, meu avô era seresteiro. Fui criado por canções assim. No dia a dia não toco essas músicas, venho de bares, tenho repertório bem amplo de MPB e pop rock nacional e internacional. Mas nesta oportunidade estou ‘voltando’ a elas”, salienta ele, que, aos 5 anos de idade, frequentava as serestas de BH e do interior.

Agora, aos 40, espera fazer valer essa tradição e propagar uma mensagem para acalentar corações neste momento de pandemia. “A serenata tem uma função muito específica de levar carinho, alegria e afeto. Meu papel como músico é esse. Se puder fazer isso, será uma experiência emocionante para mim também. Fazer isso de frente para as pessoas e emocioná-las será um prazer imenso”, fala.Juliana Siqueira/Divulgação

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por