Maior prêmio da música instrumental mineira chega à 20ª edição

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
18/07/2021 às 09:21.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:26
 (FLAVIO CHARCHAR/DIVULGAÇÃO)

(FLAVIO CHARCHAR/DIVULGAÇÃO)


Todo final de ano é a mesma coisa: sobe o frisson entre os músicos mineiros diante da realização de mais uma edição do Prêmio BDMG Instrumental. Tanto burburinho não é por acaso, já que estamos falando da principal premiação no Estado dedicada à música instrumental autoral.

“Vai acabando o ano e os músicos começam a nos perguntar se o Prêmio irá continuar”, diverte-se Elizabeth Santos, há dez anos à frente da coordenação. Com exceção do ano passado, devido à pandemia, o BDMG Instrumental é presença garantida no calendário cultural de Belo Horizonte.

E, a partir desta sexta-feira, chega a um número redondo, ao completar 20 edições. “Até hoje não há um espaço muito grande para este tipo de música. O Prêmio preenche essa lacuna, mostrando uma geração muito rica de artistas que se renova a cada ano”, registra Elizabeth.

Hoje, nas faculdades de música de Minas, a premiação virou um objeto de desejo. Chegar entre os 12 finalistas é um objetivo tão importante quanto o diploma. Fora do Estado, virou um “selo da música instrumental produzida aqui”, reforça a coordenadora.

“Fico muito feliz de poder realizar neste ano, depois de um momento tão difícil que foi 2020. Apesar de continuarmos nele ainda, conseguir fazer, mesmo que ainda não seja do melhor jeito, com público presente no teatro, é muito importante”, destaca Beth.

O evento será transmitido, de forma gratuita, pelo canal do BDMG Cultural no YouTube. Os 12 concorrentes se apresentarão durante três noites, entre sexta e domingo, direto do Teatro Sesiminas, em conformidade com as normas de vigilância sanitária vigentes.

Dos cerca de 60 inscritos, estão na fase final Abel Borges, Aloizio Horta, Assanhado Quarteto, Daniel Souza, Duo Foz, Dudu Viana, Felipe Continentino, Felipe José, Gustavo Figueiredo, Max Sales, Pedro Gomes e Nô Corrêa. Cada um defenderá duas composições autorais e um arranjo.

São dez representantes da capital e dois do interior mineiro – poderiam ter sido três, se Ricardo Itaborahy não tivesse desistido. “Ele foi selecionado, mas depois ligou pesaroso, dizendo que não poderia participar, pois o pessoal da banda dele não se sentia seguro para viajar, devido à pandemia”, explica.

No prêmio, há espaço para diversos estilos, da viola caipira ao clássico, passando pelo jazz, segmento escolhido pelo pianista Deangelo Silva, que receberá, no palco do Sesiminas, o prêmio Marco Antônio Araújo pelo CD “Hangout”, além de fazer um pocket show na finalíssima.

Jazz moderno de Deangelo Silva desperta interesse dos japoneses

Cada disco de Deangelo Silva tem uma relação com o Prêmio BDMG Cultural. O primeiro, “Downriver”, lançado em 2017, foi realizado após o pianista faturar os prêmios de melhor composição e instrumentista. Já o segundo (“Hangout”) inverteu a ordem –  a partir dele que o artista receberá o Prêmio Marco Antônio Araújo neste domingo.

“A relação dos dois com o BDMG foi de suma importância, demonstrando o valor que ele tem para o artista. Nesse ano, tive a felicidade ímpar de receber o Marco Antônio Araújo”, comemora Deangelo, que, curiosamente, fará o lançamento oficial de “Hangout” no Prêmio. É que o disco foi lançado primeiramente no Japão, no ano passado.

“É um trabalho feito sob encomenda para a Disc Union Records, minha gravadora no Japão. Eles já me conhecem há dois anos, desde o primeiro disco, e após eu mostrar as músicas novas no stories do Instagram, gravadas durante uma apresentação no Savassi Jazz Festival, eles me chamaram para conversar”, destaca o pianista.

Tanto interesse do outro lado do mundo é explicado pelas novidades introduzidas por Deangelo em “Hangout”, deixando de lado o jazz mais clássico para incursionar por uma abordagem mais contemporânea. “Eles disseram que o disco trazia uma estética diferente, um jazz mais moderno, com uso de sintetizadores”.

Diferentemente de “Downriver”, o segundo trabalho fonográfico não tem uma nota  sequer de piano. “O primeiro é um jazz mais tradicional, com formação de septeto, em que só toquei piano. Agora, fiz tudo diferente, usando muito sintetizador. Além de ter sido realizado em quarteto”, compara.

Deangelo afirma que promoveu essas mudanças buscando atrair novos ouvintes para a música instrumental. “Por natureza, quem a consome tem mais idade. Por isso, levei elementos do hip hop e da música eletrônica para o CD”, salienta o pianista, que mal pode esperar para pisar em terras nipônicas.

“Lá é o último lugar do mundo em que o pessoal compra disco físico ainda. Há uma cultura de ir à loja, ouvir várias músicas e levar aquilo que gostar”, registra. Ele faria uma turnê no Japão no ano passado, mas a pandemia não deixou. Agora espera todos da banda se vacinarem para montar nova agenda.

  

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