Mais madura, Maria Gadú lança DVD “Guelã ao vivo”

Vanessa Perroni
vperroni@hojeemdia.com.br
02/03/2017 às 17:47.
Atualizado em 16/11/2021 às 00:47

Longe da cantora solar de “Shimbalaiê”, a obra “Guelã ao Vivo”, que chega às lojas em DVD, mostra uma Maria Gadú mais segura, consciente da própria música e sem medo de experimentar. Um trabalho “meio diferente, pesado, áspero, escuro”, como a própria artista coloca no texto de apresentação. Com 18 faixas, o DVD traz o show gravado em agosto de 2016, no Centro Cultural São Paulo (CCSP). 

Em tom intimista, o show realizado em teatro de arena, com pouca luz e figurino escuro, inicia de forma delicada com a canção “Suspiro”, até o momento que entra a percussão e leva a sonoridade para outro lugar, e deságua no “bloco dos sem-medo”, na faixa “obloco”.

As composições continuam harmônicas, mas agora mais ácidas. Questionam o que é superficial e desejam coisas diferentes e mais profundas. A voz, que está mais rasgada e intensa, abre espaço para um predomínio instrumental. Essa combinação cria um universo de experimentações com sons de raízes africanas em “Sakédu”, um indie pop em “Semi-voz” e batidas eletrônicas dos anos 80 em “Tecnopapiro”. 

Canções já conhecidas do grande público como “Bela Flor”, “Altar Particular” e “Lounge” ganharam nova roupagem. “Ne me Quitte Pas” está mais visceral do que antes, e conta com a artista tocando surdo. Em tom confessional, ela declama a canção “Trovoa”, de Maurício Pereira, acompanhada por um violino e uma viola dedilhada. Um dos pontos altos do DVD. 

Homenagem
“Tecnopapiro” é uma homenagem a uma reclamação de sua mãe. “Certo dia ela entrou no meu quarto falando como temos perdido a troca com o outro com as novas formas de comunicar”, conta a cantora, durante a apresentação. “E concordei. No whatsApp a relação é intima, mas quando se encontram são dois caipiras”, brinca arrancando risos da plateia.

Gadú relata que foi por este motivo que decidiu fazer do show uma experiência do início ao fim. “Produzimos manualmente cada convite, e vocês (público) tiveram que vir aqui buscar. Pra gente se ter mais perto”, explicou.

Silêncios 
Essa é uma apresentação de poucas palavras e muitos silêncios. O cumprimento ao público acontece na décima faixa. Algumas canções ganham somente onomatopeias produzidas pela voz de Gadú, e outras como “Suspiro” e “Aquária” conta com voz no último minuto. “Prendo o silêncio no peito / Prendo o silêncio com os olhos / Faço silêncio de mim”, diz a última canção. .

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