"Mamihlapinatapai" batiza coreografia da São Paulo Cia. de Dança

Cinthya Oliveira - Hoje em Dia
11/01/2014 às 07:57.
Atualizado em 20/11/2021 às 15:16
 (Arnaldo Jg Torres)

(Arnaldo Jg Torres)

Mamihlapinatapai é uma palavra usada no arquipélago da Terra do Fogo (limite entre Argentina e Chile) que entrou para o “Guiness Book” como a palavra mais sucinta do mundo. Descreve “um olhar trocado entre duas pessoas no qual cada uma espera que a outra tome a iniciativa de algo que os dois desejam, mas nenhuma quer começar ou sugerir”. Essa questão pela qual todos já passamos alguma vez na vida é o mote da coreografia “Mamihlapinatapai”, que a São Paulo Cia. de Dança (SPCD) apresenta dias 14 e 15 de fevereiro no Sesc Palladium.   Embora a companhia seja paulista, esse trabalho está diretamente relacionado com Minas Gerais. A coreografia, de 2012, foi criada por Jomar Mesquita, da Mimulus.    “É uma obra que trabalha o encontro com a mão do outro, o sentimento do primeiro contato. Jomar criou um pas-de-deux inteiro com o desafio de não deixar o pé da bailarina encontrar o chão. É uma suavidade que faz com que a sensação de desejo esteja sempre presente”, afirma Inês Bogéa, diretora da SPCD desde o início da companhia, há seis anos, e ex-bailarina do Grupo Corpo, onde atuou por 12 anos.    Além dessa peça baseada em sonoridades latino-americanas, a companhia apresenta duas coreografias bastante cultuadas mundo afora. “In the Middle, Somewhat Elevated” (1987), do americano William Forsythe, é uma obra desafiadora, que trabalha bem o limite entre o equilíbrio e o desequilíbrio.    Já “Petite Mort” (1991), do tcheco Jirí Kylián, traz duos que marcaram a história da dança no século 20, segundo Inês Bogéa. A coreografia trabalha a ideia de que a morte está sempre por perto.    A passagem da SPCD por Belo Horizonte, dentro do projeto “Mix Dança”, do Sesc, vai contar ainda com a participação da Cia. Sesc de Dança, com a coreografia “São como Palavras”, de Henrique Rodovalho. Haverá ainda uma exibição de um documentário sobre a bailarina mineira Marilene Martins no dia 12 de fevereiro e um “Espetáculo Aberto Para Estudantes” no dia 14. A companhia ainda fará oficinas para profissionais da dança.   Companhia de Dança lança livro e documentários para a TV   Com 29 coreografias em apenas seis anos e mais de 85 apresentações a cada temporada, a São Paulo Cia. de Dança (SPCD) vai além dos palcos. Desde seu início, a companhia foi responsável por 26 documentários da série “Figuras da Dança” (exibida na TV Cultura), sete documentários da série “Canteiros de Obras”, cinco livros de ensaios e muito mais em seu programa educativo.    “A companhia foi criada com espírito de ser um espaço para a dança, mas não só no palco, que é essencial para o encontro entre artista e plateia. Queremos pensar em outros espaços, ampliando a memória da dança, contribuindo para o que já está sendo feito em outras companhias”, afirma Inês Bogéa.    Da leva de novidades, destaca-se o livro “Jogo de Corpo”, que reúne uma seleção de críticas e ensaios sobre a companhia. As publicações da SPCD trazem textos de profissionais da dança, mas ampliam horizontes ao abrir espaço também para jornalistas, poetas, artistas plásticos, videomakers, pesquisadores e fotógrafos.    Entre os lançamentos mais recentes também estão os DVDs “Figuras da Dança” sobre as carreiras de Eva Shul, J.C. Violla e Hugo Travers, entre outros. Em breve, a série também exibida na TV Cultura, também vai trazer um perfil de Paulo Pederneiras, diretor artístico do Corpo.   Outro lançamento foi a quinta realização do projeto “Canteiro de Obras”. A edição 2013 foi realizada por Kiko Goifman e Jurandir Müller sobre a temporada 2013, que teve como temática “amor, vida e morte”. “Fazemos o chamamento de cineastas interessados, que nos mandam o argumento e escolhemos o melhor. A partir daí, o artista tem liberdade para mostrar seu ponto de vista sobre a companhia”, explica Inês.    La sylphide   Para este ano, a SPCD planeja seis estreias, entre clássicas e contemporâneas. Entre elas, está a remontagem de “La Sylphide” (1832) pelo argentino Mario Galizzi. Viaja para Alemanha, Áustria, Chile, Itália e Israel.    “Nossa identidade foi criada a partir da diversidade de autores com que trabalhamos. A companhia abrange um amplo espectro de peças clássicas, mas também trabalhamos a ruptura dessa linguagem através dos contemporâneos”, diz Inês, lembrando que, além de Jomar Mesquita, Rui Moreira e Rodrigo Pederneiras foram artistas mineiros que colaboraram com o grupo.    São Paulo Cia de Dança no Sesc Palladium (av. Augusto de Lima, 420). Dias 14 e 15 de fevereiro, às 21 horas. R$12 e R$6 (meia). Exibição de “Figuras da Dança: Marilene Martins”, no dia 12, às 19h30, gratuito. 

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