Marcelo Bonfá garante muito rock para o show da Legião Urbana

Cinthya Oliveira
cioliveira@hojeemdia.com.br
10/04/2016 às 16:17.
Atualizado em 16/11/2021 às 02:52
 (Fernando Schlaepfer/Divulgação)

(Fernando Schlaepfer/Divulgação)

Sim, Renato Russo é insubstituível. Porém, a obra do Legião Urbana é atemporal e merece ser celebrada no palco. Por isso o grande sucesso da turnê “Legião Urbana – 30 Anos”, que Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá têm feito pelo Brasil ao lado de convidados – especialmente o ator André Frateschi, que comanda os vocais. O show marcado para a próxima sexta-feira, no Chevrolet Hall, está com ingressos esgotados e haverá apresentação extra na quinta.

“Eu começo a perceber que a força da música está acima de qualquer pessoa. Vejo pessoas tão ensandecidas no show como era há 30 anos, mesmo sem o Renato. Mas ele também está lá presente por meio da música”, afirma o baterista Marcelo Bonfá, que assume os vocais em vários momentos da apresentação.

O show conta com vários sucessos radiofônicos – como “Faroeste Caboclo”, Será”, “Que País É Esse?” e “Tempo Perdido” – e está aberto às músicas “lado B”, como “Baader-Meinhof Blues” e “Daniel na Covas dos Leões”. O foco é dado especialmente ao primeiro disco.

“O show está um pouco mais pesado do que era antes, sinto que entendemos melhor as músicas. Fazemos um show de rock de verdade”, diz Bonfá, hoje com 50 anos de idade.

Questionado se tinham consciência do fanatismo que havia em torno da banda nos anos 80 e 90, Bonfá afirma que prefere não levar em conta o termo “religião urbana”. “Claro que entendemos a força da obra e respeitamos a opinião das pessoas. Mas é importante ter um distanciamento”, pondera.

Reedição

A volta aos palcos não é a única celebração referente ao 30º aniversário do primeiro disco do Legião – comemorado no ano passado, na verdade, quando o grupo começou o projeto. A Universal lançou também uma versão ampliada do marcante álbum com vários adicionais – demos e falas de Renato, registradas durante a gravação.

“É um material que permite às pessoas verem como foi um processo de transição de uma banda punk para a Legião Urbana que todos conhecem. Era um momento muito especial para o Brasil. Nós éramos jovens e quisemos mostrar isso nas músicas”, diz Bonfá, acrescentando que fica muito feliz em ver muitos jovens e crianças nos shows.

Ultra fã

Os shows do Legião serão mais um motivo para reunir os “legionários”, como os fãs costumam se chamar. Quem certamente encontrará muitos amigos por lá é Renilson Resende, 42 anos, o vocalista da banda cover Legião II.

Ele começou a ser fã por volta dos 14 anos, depois de ouvir “Eduardo e Mônica” e outras pérolas do segundo álbum da banda. Na década de 1990, depois de subir ao palco algumas vezes para dar canja de canções do Legião, decidiu levar a sério a proximidade de timbre com Renato Russo. Em 1994, criou a banda. “Logo depois, montamos o fã-clube ‘A Tempestade’, que foi oficializado em setembro de 1996. O Renato morreu em outubro”.

“As letras das músicas da Legião são atemporais, contam coisas que aconteceram ou acontecem em nossas vidas”, diz Renilson, que cantou com Dado Villa-Lobos quando o guitarrista veio para BH para uma apresentação no Granfinos.Lucas Prates / N/A

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Confira depoimentos de outros fãs da banda:

“Dez entre dez garotos que estavam aprendendo a tocar violão ali por volta de 1992 e 1993, eram fãs da Legião.
Fiz amigos por conta da banda e aprendi muito sobre arte, literatura, ouvindo as letras e lendo os encartes dos discos. Tive o apelido de Renato Russo nessa época porque usava camisa de botão, óculos quadradinho e violão debaixo do braço. No dia em que ele morreu, eu chorei muito e era como se tivesse perdido um parente. Hoje minhas composições são influenciadas pela Legião Urbana”
Luiz Rocha, 35 anos, ator e músico, integrante do grupo Todos os Caetanos do Mundo

“Sou fã, muito fã da Legião simplesmente pelo fato de gostar das letras, melodias, críticas. Ano passado fiz uma tatuagem no pé em homenagem ao disco ‘As Quatro Estações’. Estou em êxtase à espera do show. Vou às duas apresentações da Legião Urbana em Belo Horizonte. Mas, apesar de gostar e respeitar o trabalho do Dado Villa-Lobos e do Marcelo Bonfá, não apoio a volta da banda com nenhum outro vocalista. Pra mim, o coração da Legião parou de bater junto com o do Renato”
Carol Rievers, 38 anos, funcionária pública

“Eu costumo dizer que, apesar da pouca idade, a Legião deu outro rumo à minha vida. Eu era um antes da Legião – e do rock, em geral – e passei a ser outro depois do convívio diário com as letras. Sempre acompanho alguns covers da Legião em boates da cidade e é absolutamente raro um dia em que a Legião não adentra os meus ouvidos. Mas confesso que o vazio em não ter visto o Renato paira e sempre continuará. Estou ansioso ao extremo para o show do dia 15. Ver o Marcelo e o Dado será uma experiência que irá preencher parte do vazio em não ter visto o Renato”
Reneê Filipe, 19 anos, estudante

“Conheci a Legião no dia em o Renato morreu. Eu tinha 10 anos e perguntei quem ele era ao meu pai, que me deu o vinil de ‘As Quatro Estações’ para ouvir. Aos 16, comecei a cantar e me disseram que a voz lembrava a do Renato. Montei a banda Legião V e deu muito certo, até fui convidado para ir a Brasília representá-lo para um vídeo do Memorial Renato Russo. Sou tão fã que tenho tatuagem com a letra de ‘Monte Castelo’ e coloquei nos meus três filhos nomes que estão em músicas da Legião: Eduardo, Clarice e Natália”
Nilson Júnior, 29 anos, bombeiro e vocalista da banda Legião V

Serviço: “Legião Urbana – 30 Anos” no Chevrolet Hall (av. Nossa Senhora do Carmo, 230), quinta e sexta, às 22h30. Para sexta, os ingressos estão esgotados. Para quinta, os ingressos de pista/arquibancada têm valor a partir de R$ 50 e de pista premium a partir de R$ 80

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