Marcia Tiburi chega a BH para colocar uma "pitada de dúvida no mundo"

Elemara Duarte - Hoje em Dia
26/03/2013 às 14:34.
Atualizado em 21/11/2021 às 02:17
 (Divulgação)

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Marcia Tiburi está em BH para falar de literatura, filosofia e feminismo – da qual é adida assumida e aguerrida. Ela se encontra com os fãs que vão à abertura da temporada 2013, do Ofício da Palavra, nesta terça-feira (26), às 19h30, no Museu de Artes e Ofícios (Praça da Estação). A entrada é gratuita.

Ela avisa: Romance novo, só em 2014, “A Fábula do Imperador Chinês” – uma história sobre um marido, que é o imperador. Seu último livro, “Era Meu Esse Rosto” (Editora Record), saiu em novembro do ano passado.

Para esse ano, Marcia lança “Sociedade Fissurada”, um ensaio sobre os tempos contemporâneos, para a qual a filósofa gosta de deixar uma baita de uma interrogação. “Ponha uma pitada de dúvida nesse mundo, porque ele está cheio de ideias prontas. Todo mundo está achando que sabe tudo”, cutuca a pensadora.

sra. Professora

É para instigar esses pensamentos que a autora continua na carreira de professora, há quase vinte anos. “É o que eu sou, mesmo. É minha profissão”, responde nobremente a ex-participante do programa “Saia Justa”, do canal GNT. “Cada um encontra um jeito de se vestir no mundo”, completa, sorrindo.

A pensadora sabe que quem escreve livros no Brasil, quase sempre, aparece muito menos do que quem está em um programa de tevê. Mas segue adiante.

E voltando às pitadas de dúvidas, a bola da vez é a expressão “mulher de conteúdo”. O que você acha desse termo, Marcia? “Se for aplicado também ao ‘homem de conteúdo’ aí eu começo a me interessar. Devemos inverter o jogo. As mulheres são sempre transformadas em coisas e os homens não”.

A realidade é grave e na sociedade “patriarcal”, cujo nome vulgar, diz ela, pode ser traduzido por “machista”, as mulheres ficam como se fossem coisas. “No poder, ele não reconhece o outro. É a característica ruim do poder. Quem está no cargo de poder nega a diferença”, explica.

Em outro caso...

Outro exemplo disso é bem atual. “Por que você acha que estão indignados com a presença do Marco Feliciano no poder?”, questiona ela. Conforme a filósofa, justamente na presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias é que deveria existir, em escala social, “o reconhecimento da diferença, da alteridade”.

Assim, quem deveria ser representado pela tal comissão não reconhece o presidente. “Ele parece não ver o outro no seu discurso. E isso causa sensação de estranheza. Parece uma contradição. O poder não gosta de quem é diferente dele”.

Marcia é casada. “Com um homem”, diz. “Isso é importante frisar. Poderia ser com uma mulher”, instiga, com uma boa gargalhada. Tem uma filha adolescente, gosta de ler, escrever e sua vida está absolutamente voltada para isso.

“Não gosto de festa, de gandaia, de televisão, mesmo tendo feito. Só gosto de livro. Viajo um pouco pra falar de filosofia por aí. Mas tenho uma vida de monja”, diz, temperando a prosa com bom humor, e sempre, com a dúvida.

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