Marco inicial do traço de Niemeyer em Minas Gerais será ampliado

Elemara Duarte - Do Hoje em Dia
28/11/2012 às 07:06.
Atualizado em 21/11/2021 às 18:43
 (Grande Hotel Ouro Preto/Divulgação)

(Grande Hotel Ouro Preto/Divulgação)

OURO PRETO E MARIANA – É possível ver o barroco de séculos passados por janelões modernistas de vidro e ainda acreditar que o mundo pode, sim, conviver com algumas diferenças. Prova disso é o Grande Hotel de Ouro Preto, primeira obra de Oscar Niemeyer em terras mineiras. Perto de completar 70 anos de sua inauguração, o prédio fincado na área central de Ouro Preto deverá ter sua área ampliada no próximo ano, seguindo exatamente o projeto desenvolvido pelo arquiteto. Hoje, aos 104 anos, Niemeyer está internado e faz hemodiálise.

Visitar a mais caçula das construções ícones ouro-pretanas hoje é quase tão obrigatório quanto conhecer o Museu da Inconfidência ou a Igreja de São Francisco de Assis. O Grande Hotel foi fundado em 1944. O projeto é de 1938 e o Complexo da Pampulha, em BH, é da década de 1940.

Na entrada, algumas famosas marcas do traço do arquiteto: rampas, grandes vãos e vidros. Longas esquadrias formando com eles paredes que deixam a arquitetura tri-centenária de Ouro Preto invadir o espaço sem cerimônia.

O responsável pela manutenção dessa transparência toda é o vidraceiro Maurício Hosken de Figueiredo. “Niemeyer tem aquilo que todo brasileiro deveria ter: teimosia e alegria de viver”, diz. Aos 73 anos, Hosken ainda se mantém na ativa, assim como também se propõe o arquiteto, mesmo entre uma saída e outra do hospital. A relação de Hosken com as obras do arquiteto começou na construção de Brasília. “Também fui candango”.

Registros

Em Mariana, onde atualmente vive com a esposa e os filhos que já nasceram na nova capital, ele resgata provas desse passado. Fotos dele nos canteiros de obras da Catedral de Brasília, ainda sem os vidros, são as mais curiosas. “Instalei o primeiro box de banheiro do Palácio do Itamaraty, assim como os vidros do Catetinho”, diz. Hosken relembra a relação de Niemeyer com a mão de obra acostumada a trabalhar com linhas “retas”: “ele era muito enérgico. Dizia que linhas curvas, mas com sentido, são belas. Tínhamos dificuldade com isso”.

Um desses desafios foi a Catedral de Brasília. “As vigas são curvas. Ajudei a colocar os vidros. Um dos meus filhos foi batizado lá”. No seu site, Niemeyer fala da obra: “Na Catedral, evitei as soluções usuais das velhas catedrais escuras. Fiz escura a galeria de acesso à nave e esta toda iluminada, colorida, voltada com seus belos vitrais transparentes para os espaços infinitos”.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por