'Mare Nostrum' faz ode à família brasileira

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
02/10/2018 às 18:58.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:46
 (RAIZ PRODUÇÕES/DIVULGAÇÃO)

(RAIZ PRODUÇÕES/DIVULGAÇÃO)

 Um buraco na parede nos leva a um outro lugar, distante da opacidade das relações sociais. Este mote tem servido, coincidentemente, a vários filmes brasileiros recentes, como “Trabalhar Cansa” e “Mare Nostrum”, que entra amanhã em cartaz nos cinemas. A diferença está no que esse lugar pode representar em nosso imaginário, como reservatório de toda maldade (em “Trabalhar Cansa”) ou um mundo mágico que contrasta com a desesperança da realidade, num momento de grave crise. No início de “Mare Nostrum”, dirigido por Ricardo Elias, dois brasileiros, um jornalista (Roberto) e um designer gráfico (Mitsuo), retornam da Espanha e do Japão, sem as esperadas conquistas. Pior: estão endividados, e encontram uma família desestruturada.  As relações paternas são e foram difíceis. O designer tem um pai doente que praticamente não fala. Já o jornalista terá que reviver o conflituoso convívio com o pai falecido ao tentar resolver os problemas de registro de um terreno no litoral paulista. Dose de fantasiaÉ nesse ponto que as histórias dos protagonistas se cruzam, com o buraco na parede de uma construção em ruínas representando uma mudança de rumo, onde a narrativa investe gradualmente em metáforas mescladas a uma certa dose de fantasia. Mais do que a possibilidade de pôr fim às dívidas, o buraco é uma passagem para um outro tempo, símbolo de confiança, de alegria e respeito às diferenças, estampado principalmente no pai de Roberto, que acreditou nos sonhos e criou boas lembranças. Ao rever a trajetória dele, com suas mulheres e estilo de vida, o jornalista não só refaz este elo como também se transforma como pai aos olhos da filha. Nesta ode à família brasileira (negra, branca e miscigenada), Elias constrói um singelo e afetivo apelo ao entendimento.

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