Mario Sergio Cortella e Gilberto Dimenstein refletem sobre a era da informação

Elemara Duarte - Hoje em Dia
20/10/2015 às 08:08.
Atualizado em 17/11/2021 às 02:08
 (Divulgação)

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Precisamos realmente assimilar tanta informação? O filósofo e educador Mario Sergio Cortella entende que “não”. A regra, em um mundo transbordando de ofertas de conteúdo, é cada pessoa escolher o que precisa assimilar. Um sincero debate sobre este assunto está registrado no livro “A Era da Curadoria: O Que Importa é Saber o Que Importa! Educação e Formação de Pessoas Em Tempos Velozes” (Editora Papirus 7 Mares), cuja autoria Cortella divide com o jornalista Gilberto Dimenstein. Os dois chegam a BH nesta terça (20) para lançá-lo.

Ou seja, é como fazer uma curadoria do próprio conhecimento – como aqueles profissionais que são contratados para escolher o corte de conteúdo em uma exposição de arte. Etimologicamente, “curadoria” tem origem latina no termo “curator” – aquele que administra, que tem cuidado, apreço.

Ansiedade

Ao Hoje em Dia, Cortella diz que o impulso de querer saber de tudo tem trazido ansiedade às pessoas. E que esta seleção personalizada do que importa é uma saída para viver no mundo contemporâneo. “O relevante é isto”, acrescenta Dimenstein, em um dos trechos do livro – uma frase que vem como uma boia salva-vidas para que não nos afoguemos em tantos dados.

“Se verificarmos a história do Brasil ou do mundo, veremos que houve pessoas que foram curadoras do planeta. Todas elas se caracterizam pela postura ‘eu fui contra o senso comum’, e aí se encaixam Galileu e Giordano Bruno”, lembra o jornalista.

A lista continua com nomes como Gandhi, Martin Luther King e é complementada, por Cortella, com Sócrates e Jesus de Nazaré. No diálogo, Dimenstein acrescenta ainda Nelson Mandela, que define como “curador de uma nação inteira”. “Luther King e Mandela foram síntese: em cada um deles se resume a essência do que é relevante”, afirma o jornalista.

Cortella e Dimenstein são comentaristas da mesma rádio, onde a amizade se estreitou.

Desafio

Por fim, ao filósofo, um desafio. Se fosse para algum lugar remoto, uma ilha deserta, por exemplo, que mídia levaria consigo para sobreviver intelectualmente? “Hoje em dia, a gente pode levar uma biblioteca inteira em um tablet. Mas como é um lugar remoto (e sem energia elétrica para carregá-lo), levaria comigo três livros: ‘Reinações de Narizinho’, ‘Grande Sertão: Veredas’ e a ‘Bíblia’, dos Cristãos”, indica. E bastou!

“Sempre Um Papo” com Mario Sergio Cortella e Gilberto Dimenstein – nesta terça (20), às 19h30, no Cine Theatro Brasil Vallourec (Praça Sete, Centro). Grátis.

PONTO A PONTO

A seguir confira alguns trechos instigantes da publicação:

Gilberto Dimenstein

“O fundamento da vida é o verbo. E se tomamos a Bíblia, ela toda é a ideia de um ente criando o mundo pela comunicação”.

“O que acontece num regime autoritário? Qual é uma das primeiras coisas que ele tenta fazer? É evitar o sistema de comunicação”.

“A escola que consegue emocionar é aquela na qual o conhecimento faz sentido para o aluno e ele é coautor e participa dele”.

Mario Sergio Cortella

“Tenho um senão persistente quanto ao mundo digital! Essa simultaneidade, essa instantaneidade, essa conectividade obsessiva retiram o maior combustível da criatividade humana: o tédio”.

“Precisamos ter o acesso sem ser servos dessa condição”.

“Assim como no Grande Sertão, tem que haver veredas. E a comunicação são as nossas veredas”.
 

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