Marisa Orth e Miguel Falabella retomam parceria nos palcos em BH

Elemara Duarte - Hoje em Dia
12/03/2014 às 07:50.
Atualizado em 20/11/2021 às 16:34
 (Caio Galucci)

(Caio Galucci)

Sexualidade, poder, mentiras, traições e corrupção numa “comediaça”. O termo foi aplicado pela atriz Marisa Orth para definir o espetáculo “O Que o Mordomo Viu”, com o qual ela sobe ao palco do Grande Teatro do Sesc Palladium na próxima sexta (14), a domingo (16), juntamente com o ator, adaptador e diretor da montagem Miguel Falabella e demais integrantes do elenco: Marcelo Picchi, Alessandra Verney, Ubiracy Paraná do Brasil e Magno Bandarz.

O texto foi escrito pelo inglês Joe Orton em 1967 – no mesmo ano, o dramaturgo morreu, aos 34 anos, assassinado pelo namorado, Ken Halliwell. Filho de uma família de operários, Orton reverbera, em suas peças, o lado do “humor negro” que faz rir, mas também refletir diante do absurdo das atitudes humanas.

Marisa diz que a adaptação de Falabella previa originalmente a atriz Arlete Salles para o papel que acabou assumindo. Motivo: Arlete precisou se afastar para retirar um nódulo no seio, perto da pré-estreia da montagem. Marisa, então, foi convocada.

Em cena, a interação entre os dois atores (egressos de várias produções televisivas, também “comediaças”, como o humorístico “Sai de Baixo”, exibido pela Rede Globo) é esperada e concretizada. Com a também amiga e colega de longa data, Arlete, certamente, não seria diferente.

“É aquele primo”, resume Marisa, ao Hoje em Dia, referindo-se à sua relação de proximidade com o ator. Mesmo com a afinidade evidente, ela diz que nada é previsível na direção e na atuação de Miguel. “Ele não dá esse conforto para ninguém, ele é muito inventivo”, frisa.

“O Que o Mordomo Viu” tem o psiquiatra Dr. Arnaldo (Miguel Falabella) e sua atraente secretária, Denise Barcca “com dois Cs” (frisa a personagem interpretada por Alessandra Verney). A Marisa Orth coube o papel de Mirta, a esposa perua de Arnaldo.

Em cena, a secretária boazuda e falsamente ingênua está sendo examinada pelo doutor, durante uma entrevista de emprego. Como parte da entrevista, ele a convence a se despir. A situação vai se tornando mais intensa à medida que a entrevista avança até a entrada em cena da esposa. Um clássico flagra.

Um segredo e muitos atropelos

Ante o iminente flagra, o psiquiatra Arnaldo esconde a secretária Denise atrás de uma cortina. E é a partir daí que se desenrolam os diversos atropelos dos personagens. É que a esposa Mirta também está escondendo algo: no caso, a promessa do almejado cargo de secretário a Nico (personagem sob os cuidados do ator Magno Bandarz), por quem está sendo chantageada. Aqui, temos, pois, uma clássica cena de novela.

Não bastasse, a clínica de Dr. Arnaldo passa ainda por uma inspeção do governo, representado pela pessoa do Dr. Ranço (o ator Marcello Picchi), revelando, então, o caos na clínica. Por fim, fecham-se os pontos para uma clássica comédia.

Alguma semelhança com os “tapetões” da corrupção no Brasil? Muitas. Talvez por isso, o texto de quase meio século tenha seduzido Miguel Falabella a ponto de instigá-lo a montar o atual espetáculo. Em turnê, “O Que o Mordomo Viu” já passou por várias capitais nordestinas. De Belo Horizonte, a montagem – que estreou no Queen´s Theatre em Londres, em 1969 – segue para São Paulo.

Tragédia

Em 1967, Joe Orton foi agredido com golpes desferidos com um bastão, pelo então namorado Kenneth Halliwell, que, por sua vez, se suicidou logo em seguida, com uma overdose de drogas farmacêuticas, entre antidepressivos e barbitúricos. Cumpre dizer que investigações policiais levantaram que, curiosamente, Halliwell morreu primeiro – Orton ficou agonizando, apontou a perícia.

Mais tarde, tornou-se público que Halliwell teria se consultado com seu médico, que, por seu turno, o encaminhou a um psiquiatra – a consulta estava agendada para o dia do crime.

Na cerimônia de cremação do corpo do dramaturgo, um outro detalhe digno de nota: a música escolhida para o evento foi “A Day in The Life”, dos Beatles.

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