Matheus Nachtergaele dá vida ao carnavalesco Joãosinho Trinta

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
03/11/2014 às 08:48.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:52
 (Divulgação)

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SÃO PAULO – Na sexta-feira, dia 24 de outubro, todo mundo falava em vitória. Mas não se tratava de pesquisas de intenção de voto e, muito menos, de eleição. Naquele momento, numa sala do shopping Frei Caneca, o resultado acabara de ser conhecido: “Trinta”.

O filme é a cinebiografia sobre o carnavalesco Joãosinho Trinta, um ex-bailarino maranhense que revolucionou a Marquês de Sapucaí a partir do final da década de 70, levando escolas como Salgueiro e Beija-Flor ao título do Carnaval carioca. A exibição do filme de Paulo Machline na 38ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo provocou no ator Matheus Nachtergaele, que encarna o papel-título, “uma sensação gostosa de gente que faz coisa junto”, referindo-se ao trabalho em equipe.

O elenco, por sinal, ainda tem a atriz mineira Thaís Garayp, como uma das costureiras voluntárias no barracão do Salgueiro e também integrante da ala das baianas, além de Paola Oliveira, Milhem Cortaz, Fabrício Boliveira e Ernani Moraes.

É a segunda vez que Nachtergaele assiste ao longa-metragem. A primeira foi durante no Festival do Rio, no mês passado. “Depois da emoção de se ver na tela, dessa vez ficou mais claro para mim como a história foi contada”, ressalta.

Ele elogiou a forma como o filme enfoca a solidão do carnavalesco falecido em 2011. “O posto do artista é de solidão. Fez tanta coisa sozinho, para dar alegria a todos na avenida”.

Apesar de o filme ser baseado em fatos reais, Machline assinala que o antagonista Tião, um chefe de barracão vivido por Cortaz, é a fusão de vários personagens num só.

INCÊNDIO

“É um somatório de pessoas. Em minhas pesquisas percebi que tem sempre essa pessoa que vai lá e resolve, fazendo tudo acontecer”, explica o cineasta, que não quis “culpar” Tião pelo incêndio na escola, um dos momentos-chave da obra.

“Não posso dizer que foi sabotagem. Num filme, a gente vê o que quiser. Mas esse é o tipo de coisa (incêndio) que acontece todo ano. Agora diminuiu um pouco. Na trajetória de Joãosinho, incêndios ocorreram duas ou três vezes e resolvi o primeiro apenas. Mas concordo que (a participação de Tião) ficou no ar”, analisa Machline, que concorreu ao Oscar de melhor curta de ficção em 2001, por “Uma História de Futebol”.

Um dos aspectos mais comentados do filme é a utilização de música clássica durante os preparativos do desfile. Para o realizador, essa opção busca ilustrar a transição na trajetória profissional de Joãosinho Trinta, que saiu das óperas do Theatro Municipal para a quadra do Salgueiro.

“Na visão de Joãosinho, ele estava sempre fazendo uma ópera. O desfile era como uma ópera popular passada na avenida”, compara.
 

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