Maxilar Viril: Companhia Maldita propõe reflexão poética

Pedro Artur - Hoje em Dia
27/06/2014 às 13:49.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:10
 (Fernando Barcelos )

(Fernando Barcelos )

Seria mais um dia qualquer em Lucanamarca, no Peru. Mas nas primeiras horas daquele domingo, 3/4/1983, guerrilheiros do Sendero Luminoso, de orientação maoísta, avançaram pela região camponesa, deixando um rastro de horror: 69 mortos, incluindo grávidas, crianças e jovens, numa retaliação ao fato de o povoado não querer se envolver em sua causa.


Tempos depois, o escritor uruguaio Eduardo Galeano tratou da tragédia no conto “História do Lagarto que Tinha o Costume de Jantar suas Mulheres”, base do texto de Amaury Borges que, por sua vez, se transforma na peça “Maxilar Viril”, da Maldita Cia de Investigação Teatral. A montagem fica em cartaz até 6 de julho, no Oi Futuro.


“O Sendero foi lá e fez essa matança, que veio à tona com a exumação dos corpos por meio da Comissão da Verdade daquele país. A gente ‘pega’ essa referência e joga para dentro da encenação, abordando-a no âmbito que cabe à arte”, frisa Borges, que também atua como diretor e ator na peça.


A montagem propõe uma reflexão aos espectadores, mas de uma forma poética. Para isso, estabelece uma linguagem de concerto, com música em cena. “Colocamos essa questão em jogo, mas estabelecemos uma linguagem de um concerto sonoro, com uma banda, uma rádio para transmitir isso ao espectador nesse espaço público e privado (o teatro). Sobretudo, é muito poético”, avisa.


Amaury Borges ressalta que a peça – que serve também para comemorar os dez anos da Maldita – trata-se, na realidade, de uma guinada para a América Latina. “A gente resolveu dar uma virada para a América Latina, fazer uma rede de encontro mais permanente, já que, normalmente, o Brasil está virado de costas para o continente. É necessário fazer esse diálogo”, assinala. Além de “Maxilar Viril”, Borges promete novidades para as efemérides relativas aos dez anos da Maldita: caso da encenação da peça “Cara Preta”, em setembro, no Mercado das Borboletas (Mercado Novo). Depois, é seguir em turnê pelo país e, claro, pelo circuito latino-americano.


“Maxilar Viril” – Até dia 6 de julho. De quinta a sábado, às 21h, e domingo, às 19h. Oi Futuro BH (av. Afonso Pena, 4.001, Mangabeiras).


Ingressos: R$10 (valor da inteira) e R$5 (meia-entrada)
 

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