‘Me sinto um embaixador gastronômico do Brasil’, afirma o chef francês Claude Troisgros

Frank Martins - Hoje em Dia
25/10/2015 às 10:41.
Atualizado em 17/11/2021 às 02:12
 (Divulgação)

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No Brasil há 32 anos, o chef Claude Troisgros já é conhecido da TV desde 2004 e pelo 'Que Marravilha'. O francês esteve em BH, na última sexta (23), para um jantar interativo no hotel Ouro Minas.

A frente do programa desde 2010, Claude lança um livro com 'As Melhores Receitas do Que Marravilha!', onde reúne 42 pratos que já passaram pela telinha e várias dicas para quem está começando a se aventurar na cozinha.

Simpático e atencioso, Claude conversou com o caderno Territórios Gastronômicos sobre televisão, seus gostos e de cozinhar com crianças.

Confira a entrevista completa com o chef Claude Troisgros:

TG: Como é ser considerado um dos grandes nomes da gastronomia internacional no momento? Pesa a responsabilidade?
CT: Para mim é uma alegria muito grande divulgar de todas as formas a riqueza dos produtos brasileiros atraves da minha arte de cozinheiro. É isso que faço há 35 anos desde que cheguei ao Brasil. Procuro sempre lembrar aos clientes dos meus restaurantes e telespectadores do 'Que Marravilha' de todos os produtos incríveis do solo brasileiro. É uma responsabilidade grande sim. Me sinto como um embaixador gastronômico do Brasil (risos).

TG: No seu programa no GNT você, e seu fiel escudeiro Batista, tentaram 'converter' vários chatos usando seus dotes culinários. Isso não vai contra a filosofia de que cozinhar deve ser algo prazeroso e não um desafio?
CT: Mas eu faço isso com prazer. É muito bom saber que posso transformar ou influenciar positivamente uma pessoa a comer bem.

TG: Por que você decidiu cozinhar e viver em terras brasileiras, já que sua família é reconhecida no meio gastronômico francês?
CT: Eu vim trabalhar no Brasil a principio por 2 anos com o chef Gaston Lenotre que veio inaugurar o restaurante Le Pre Catelan, no Rio de Janeiro. Ele chegou na cozinha do restaurante da minha família em Roanne e perguntou se alguém queria ir ao Brasil para trabalhar com ele. Eu logo levantei a mão me oferecendo. Escutava coisas incríveis sobre o Brasil que pra mim na época era a terra do futebol do Pelé e do samba com mulheres lindas. Quando o contrato acabou, depois de 2 anos, eu já estava apaixonado pela cidade do Rio e pela mãe dos meus filhos, minha primeira mulher.

TG: Qual o prato que você mais gosta de cozinhar?
CT: Eu gosto de cozinhar tudo. Mas tenho certa predileção por peixes.

TG: O que você acha que a gastronomia brasileira tem de aprender com a gastronomia francesa?
CT: A gastronomia francesa abasteceu o mundo com as técnicas básicas da boa cozinha. E no Brasil não foi diferente. A cozinha brasileira contemporânea é trabalhada a partir de técnicas de base francesa. Da redução de um molho à finalização de uma purê. Coisas simples que estão no dia a dia nas casas das pessoas e restaurantes brasileiros.

TG: Para você, qual é a principal diferença de cozinhar para uma pessoa leiga no mundo da gastronomia e uma pessoa que já tem vivência na área?
CT: Eu diria o contrário. Que ambas têm que ter em comum a vontade de aprender. Seja uma receita simples de massa para um leigo ou magret de pato para um professional.

TG: O GNT é considerado hoje o canal mais gastronômico da TV brasileira. Você tem contato com as outras estrelas da casa como o Jamie Oliver, Rodrigo Hilbert, Bela Gil, Carolina Ferraz e outros?
CT: Eu tive a oportunidade de gravar com o Jamie Oliver há uns anos em Miami, mas não mantemos um contato regular. Os outros apresentadores encontro em eventos do canal ou quando vão a um dos meus restaurantes.

TG: Para você, qual é o principal ingrediente da cozinha brasileira?
CT: Com certeza a mandioca. Ela transita por todas as cozinhas, do boteco mais informal a um restaurante com estrela Michelin. Faz parte da cultura brasileira.

TG: Na nova temporada do 'Que Marravilha' você está cozinhando ao lado de crianças e mini chefs. Qual a principal diferença que você está sentindo?
CT: É uma experiência 'marravilhosa'. As crianças chegam cheias de disposição para aprender novas receitas e são super abertas a novidades. A diferença entre cozinhar com crianças e adultos é que elas não têm restrições, não possuem ainda hábitos regulares na cozinha. Então tudo rola muito mais livre.

TG: Você gosta dos programas gastronômicos no formato de reality show? Qual a sua opinião sobre eles?
CT: O programa internacional que mais gosto é do Jamie. Ele mostra como cozinhar de forma simples pode resultar em pratos incríveis. Tudo simples e rápido para quem gosta de cozinhar em casa. Os realities com viagem que mostram as diferentes culturas através da gastronomia são muito legais também. Eu, por exemplo, quando viajo, enquanto os amigos vão visitar parques e museus, vou visitar os mercados e feiras livres. A melhor forma de você conhecer uma cultura é pela comida.

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