Mel Lisboa protagoniza em BH adaptação teatral de 'Dogville', de Lars

Paulo Henrique Silva
02/12/2019 às 08:42.
Atualizado em 05/09/2021 às 22:53
 (Ale Catan / Divulgação)

(Ale Catan / Divulgação)

Enquanto o filme dirigido pelo polêmico dinamarquês Lars von Trier recorreu a elementos teatrais, a peça “Dogville” caminha em sentido oposto, valendo-se da linguagem cinematográfica para contar a história de Grace, uma misteriosa forasteira que chega a uma cidade pacata apenas na aparência, vez que os habitantes do lugar não pensam duas vezes em explorar a bondade da moça recém-chegada.

“Repetir o que foi feito (no cinema) nunca foi uma opção. O filme existe e tem a sua excelência, não precisa de uma cópia. É mais interessante usar o texto e trazer outros elementos, fazendo disso uma outra obra”, registra Mel Lisboa, que protagoniza a adaptação que ficará em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) até 23 de dezembro, com sessões de quinta a segunda-feira.

Entre os recursos cinematográficos usados pelo premiado diretor Zé Henrique de Paula estão as projeções, imagens gravadas de personagens que interagem com aqueles que estão no palco. 

Para além das comparações, a atriz destaca que não é preciso ver o filme para ser arrebatado pelo tema, segundo ela “mais impactante hoje em dia, por conta do que estamos vivendo no Brasil”.

“O texto é muito complexo, com tantas camadas que podem ser analisadas por vários aspectos – do social, já que é uma grande crítica ao capitalismo selvagem, ao mítico, com referências bíblicas”, pontua a atriz. 

“Entre as reflexões que ele gera está (a definição de) o que é moral, do que é verdade. Grace acaba aceitando aquela situação, pedindo desculpas, mesmo sofrendo uma grande violência”, analisa Mel.

Para a protagonista, a peça fica mais ágil com alguns cortes que foram feitos no texto. Também foram realizadas algumas inserções, especialmente na figura do narrador, que deixa de ser off (no filme, a voz era de John Hurt). 

“Também há mudanças nas falas, como aquela que abre a peça, retirada de uma parte do discurso de Henry Kissinger ao receber o Nobel da Paz”, destaca.
 

Considerado pela BBC um dos melhores filmes do século 21, “Dogville (2003) tinha no elenco Nicole Kidman no papel de Grace, além de Paul Bettany e James Caan


SERVIÇO
“Dogville” - No Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), na Praça da Liberdade, 450. De quinta a segunda, às 20h. Ingressos: R$ 30 (meia, R$ 15)
 

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