Um dos principais cartões-postais de Diamantina, o passadiço da rua da Glória tem sua história contada no média-metragem “Ouço Passos no Passadiço”, de Isabella Brandão e Leandro Wenceslau, atração deste sábado no auditório do Memorial Minas Vale, na Praça da Liberdade, às 16h, com entrada franca. Obra única da arquitetura brasileira, hoje sede do Centro de Geologia Eschwege, pertencente à UFMG, o local liga dois sobrados que receberam intendentes, um educandário católico e até mesmo Dom Pedro I, durante sua lua-de-mel com Dona Leopoldina. “É uma edificação que resume o que foi o poder entre os séculos 18 e 19, além de um retrato da sociedade da época, em que as estudantes do Nossa Senhora das Dores não podiam ser vistas pelas pessoas de fora, razão pela qual o passadiço foi construído”, observa Leandro. Um dos momentos mais curiosos é o depoimento de senhoras que estudaram no colégio. Elas recordam a vontade de ver o que acontecia na rua quando atravessavam o passadiço, o que não era permitido pelas freiras, embora muitas vezes usassem subterfúgios para flertar com os rapazes. “Quando as religiosas francesas compraram um dos sobrados, que, segundo a lenda, teria sido construído com restos da chácara de Chica da Silva, do outro lado funcionava um puteiro. Durante muito tempo, o sacro e o profano conviveram ali, representando as facetas de um mesmo homem”, destaca o cineasta.