Menina de 8 anos empareda adultos com questão que envolve definição do time do coração

Bernardo Almaeida
21/05/2019 às 09:11.
Atualizado em 05/09/2021 às 18:45
 (Reprodução)

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Como uma criança escolhe seu time de futebol? A pergunta pode parecer injustificada para os pais, que transmitem a paixão para os filhos sem pestanejar. Outros enxergam aí uma forma de estabelecer um forte vínculo por meio de tal herança. Para Poli, no entanto, tais métodos são questionáveis, ainda que a garotinha de apenas oito anos não tenha o propósito de tachar de certo ou errado. A pequena é a protagonista do infantil

“Poli escolhe”, livro da jornalista, historiadora e revisora Cláudia Rezende que será lançado no próximo sábado.

Após encontrar colegas com diferentes camisas de futebol em um parquinho, Poli pergunta a um deles o motivo da escolha. Diante da resposta – que indica a influência do pai do amiguinho – a menina Poli passa a questionar esse método, inclusive dentro de casa. 

Para a escritora, desconsiderar as vontades da criança não é boa escolha. “Há bebês que já saem da maternidade com roupinha de times, chá de maternidade temático com o clube de coração dos pais. A ideia não é querer dar uma lição de moral, dizer que é certo ou errado, mas será que não é legal o filho escolher? Porque como funciona hoje em dia acaba sendo uma coisa engessada de querer transmitir essa paixão. Às vezes o filho não vai sequer gostar de futebol”, pondera a autora.

O livro é uma homenagem à filha Heliodora, hoje com 1 ano e 8 meses. E a ideia surgiu justamente durante a gravidez. Cláudia conta que trabalhava em outro livro, com uma temática adulta, quando de repente a história lhe apareceu. “Acho que escrevi porque quando a gente está gerando um filho acaba se questionando muito sobre como vai ser a criação, e eu queria que minha filha fosse uma pessoa muito autônoma, que pudesse escolher várias questões”, conta. 

O projeto é ilustrado pelo marido, Douglas Cardoso. “Ele tem uma experiência com desenhos, tem traços muito bons e captou a personagem muito bem. Fica bem perceptível no modo como a Poli olha com curiosidade para as coisas, como o céu ou um caramujo passando pela grama”, diz a autora. “E ele fez contornos simples, sem coloridos fortes, justamente para simular o desenho que uma criança poderia fazer, para dialogar com eles, pois quero que as crianças se deparem com esse espírito da Poli, seja para concordar ou discordar dela, mas que questionem”.

O livro não faz menção a que times estão em jogo para conquistar o coração da protagonista, mas a associação com a rivalidade entre Atlético-MG e Cruzeiro é inevitável. A própria escritora viveu em casa um ambiente que lhe propiciou fazer tal escolha, já que seguiu o pai cruzeirense – que nunca impôs a paixão aos filhos. Tanto que uma irmã e um irmão da escritora se tornaram atleticanos.

A ORIGEM DE POLI
O nome não veio de imediato, como a história. Cláudia pesquisou do grego e se encantou com a menção a Polínea, que remete ao lirismo da música e da poesia e à retórica, que se encaixa no espírito desafiador de Poli. “E é um apelido muito bom para criança, fácil de compreender. Depois uma amiga ainda me atentou para o prefixo poli, em que eu não havia pensado, e tem tudo a ver com a questão de muitos e escolha, então foi bem fortuito”, completa Cláudia Rezende.

O lançamento terá ainda contação de histórias por Vanessa Corrêa e sorteio de outros cinco livros da editora (Páginas).

Serviço
Lançamento do Poli escolhe
24 páginas - R$ 30 
Sábado, das 10h às 13h
Local: Museu das Minas e do Metal, na Praça da Liberdade 

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