Morte de Bibi Ferreira: repercussão

Paulo Henrique Silva
13/02/2019 às 18:52.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:32
 (DIVULGAÇÃO)

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 O ator mineiro Ílvio Amaral resolveu passar pelo teatro Villa-Lobos, no Rio de Janeiro, para conversar com o amigo Benvindo Siqueira quando uma senhora o chamou no palco, propondo “uma loucura”: aceitar um personagem na peça “Deus lhe Pague” faltando quatro dias para a estreia, em abril de 1999. A ousadia partiu de uma das grandes damas do teatro brasileiro, Bibi Ferreira, que faleceu ontem, de parada cardíaca, aos 96 anos. Filha do ator Procópio Ferreira, a quem homenageava na peça, Bibi trabalhou em filmes, musicais e na TV, mas nunca abandonou o palco. Até o ano passado, estava em cima de um, aos 95 anos. “É uma perda irreparável, mas Bibi fez tudo o que podia. Foi uma das maiores artistas que já tivemos”, observa Amaral, que guarda bilhetinhos elogiosos da diretora da época em que trabalhou com ela. “Tenho um aqui, em papel timbrado, um que destacava que eu seria um grande ator e teria um futuro brilhante”, registra. No bilhete, ela também compara a forma de ambos encararem o teatro da mesma maneira: sem preguiça. “Bibi não gostava de ator que tinha pressa de sair do teatro”, recorda Amaral, que, mesmo após a peça, não deixou de estar em contato com Bibi, geralmente em conversas por telefone. Para o diretor teatral Pedro Paulo Cava, ela deixa, principalmente, um exemplo de tenacidade. “Bibi trabalhou em várias frentes, começando no teatro muito menina. Nunca trabalhei com ela, mas quem teve essa oportunidade sempre destacou a energia que ela punha. (<CF36>A perda dela</CF>) É muito triste. O Brasil vai ficando cada vez mais triste, mais pobre”. O professor e pesquisador de teatro Fernando Mencarelli destaca que Bibi Ferreira foi uma personalidade que atravessou a história do teatro brasileiro, criando um elo entre as suas fundações e o teatro mais contemporâneo. “A figura de Bibi é a mesma de Marília Pêra, como pessoas que nasceram no teatro e exibiram uma longa história de construção da cena teatral”, analisa. Mencarelli salienta “que essa escola absolutamente fantástica não formou apenas um teatro brasileiro, mas toda uma cultura que se formou a partir do teatro popular brasileiro”. Para ele, o país precisa agradecer uma artista deste nível, sinônimo da força e talento das grandes atrizes e atores do país”. A artista morreu dormindo, em seu apartamento no Flamengo, zona sul do Rio de Janeiro. Quando a filha única, Tina, e a enfermeira que cuida dela perceberam que o batimento cardíaco estava anormal e a pulsação fraca, chamaram um médico. Quando este chegou, “ela já tinha partido, morrendo dormindo, tranquila”. O velório de Bibi Ferreira, de acordo com informações da Secretaria Estadual de Cultura e Economia Criativa, acontecerá no Teatro Municipal do Rio. A cerimônia será aberta ao público, começando às 10h e terminando à 15h. Em seguida, o corpo de Bibi deverá ser cremado.

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