"Morte Súbita": novo livro de autora de "Harry Potter" divide opiniões

Elemara Duarte - Do Hoje em Dia
13/02/2013 às 14:41.
Atualizado em 21/11/2021 às 00:58
 (Divulgação)

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Reza o dito popular: não dá para ser genial o tempo todo. Frase que se aplica facilmente ao “novo” (na verdade, lançado ano passado) livro de J. K. Rowling. Ela mesma, a autora da inesquecível série “Harry Potter”, estreou na literatura para adultos com “Morte Súbita” (Nova Fronteira, 512 páginas, R$ 49,90). Aqui vale um aviso: se você espera algo no estilo do bruxinho, desista.

Mesmo assim, os leitores fidelizados a ela desde a saga trataram de colocar o lançamento entre os best-sellers mundiais. “Morte Súbita” fechou dezembro na quinta posição entre os mais vendidos no Brasil, conforme ranking da Publishnews, especializada no mercado editorial.

O que não é garantia de que o livro valha a pena. Basta dar uma olhada no perfil dele no Facebook (www.facebook.com/TheCasualVacancyOfficial) ou em rede sociais voltadas para o debate literário, como o Skoob.com.br, para tirar a prova dos nove.

Centenas de frases como “Sou um grande fã de Harry Potter”, “Amei” ou “Love it!”, “Grande escritora!” são postadas por leitores de todo mundo. Mas elas dividem espaço considerável com críticas que podem ser resumidas assim: o livro tem “início cansativo”, “confuso”, com “excesso de personagens” e, ainda por cima, tem cara de “novela”.

Tim Tim por Tim tim

Por causa disso, os leitores da autora britânica reclamam que tentam iniciar a leitura do livro várias vezes sem sucesso. Nas 100 primeiras páginas do calhamaço de 500 e poucas, a autora se encarrega de anunciar a “morte súbita” de um figurão para esse monte de personagens, a maioria deles chatos e asquerosos e que não levam a trama a novidade alguma.

A autora conta tintim por tintim a reação de cada um diante da morte. Tudo isso acoplado aos seus dramas cheios de clichês: desentendimentos familiares, drogas, sexo casual e blá blá blá... Aqui, dá para entender a observação do “início cansativo”.

A morte em questão é a de Barry Fairbrother – o tal “figurão” – que foi provocada por derrame. A ocorrência tem grande repercussão na vida de todos de Pagford, vilarejo no qual ele vivia. Daí, então, quem ocupará o cargo dele no conselho?

Conforme sinopse no próprio livro, a autora “mostra que a vida da cidade e a de seus habitantes se equilibrava como peças de um dominó, sendo que a primeira dessas peças era Fairbrother. J. K. Rowling constrói um personagem principal ausente, movimentando a trama exatamente por não estar mais lá”.

BBC

A sordidez desmedida dos personagens motivados por questões políticas também é alvo de crítica dos leitores. "Gostaria de saber por que ela escreve sobre tantas pessoas desagradáveis. Eles estão em um caminho vertiginoso onde não há nenhum perdão", critica uma inglesa, que aguarda a série de TV sobre o livro, que será produzida pela BBC, para tentar visualizar melhor a história. A distinta leitora ainda não percebeu que a bola da vez na nova literatura "rowlingnista" é a brutal realidade.

Uma fã holandesa pontua que a autora foi "muito corajosa" para voltar a escrever depois de Harry Potter. Ela diz que não poderia deixar de comparar os primeiros livros com os atuais, mas admite que não tem certeza se este é o melhor livro de Rowling até agora. Já outro leitor, da Hungria, tem certeza de que não o é.

Meio bilhão de livros

"J. K. Rowling" ou Joanne Rowling nasceu em 1965, n a Inglaterra. Graduou-se em Francês e Línguas Clássicas, morou em Paris e em Portugal onde casou-se em 1992 e teve uma filha. Quando o casamento acabou, mãe e filha retornaram ao Reino Unido para morar em Edimburgo onde o livro "Harry Potter e a Pedra Filosofal" foi concluído.

Na primeira publicação da série, em 1997, a autora usou o nome de J.K. Rowling. O "K", de Kathleen, nome de sua avó, foi acrescentado a pedido da editora, para dar mais sonoridade.

Os sete livros da série já venderam quase meio bilhão de livros. No lançamento do livro na Europa, em setembro do ano passado, o jornal britânico The Guardian apontou a mudança de vida de J. K Rowling desde Harry Potter. "Ela era uma mãe solteira e sem dinheiro, que se tornou a primeira pessoa na Terra a ganhar um bilhão de dólares escrevendo livros".

Expectativa

Não é que J. K. Rowling tivesse que passar a vida inteira escrevendo sobre o mundo fantástico de um bruxo. Mas a expectativa por algo semelhantemente grandioso nessa estreia era inevitável. Afinal, se o público infanto-juvenil que a autora reuniu cresceu e mudou, a nova fase da obra da britânica certamente seguirá a mesma evolução. (ED)
 



Capas do livro lançadas no mundo (Divulgação/Nova Fronteira)

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