Mostra "Escavar o Futuro" conecta o passado com o presente lançando conjecturas sobre o futuro

Clarissa Carvalhaes - Hoje em Dia
11/12/2013 às 07:00.
Atualizado em 20/11/2021 às 14:43
 (Wilson Batista/Divulgação)

(Wilson Batista/Divulgação)

Uma mostra de nome instigante – “Escavar o Futuro” – que se anuncia como uma iniciativa que, tratando de arte, arquitetura & ocupação social e estética do espaço urbano; investiga o “presente do passado e do futuro”. A partir desta quarta-feira (11), e até fevereiro de 2004, este é o mote da exposição que ocupa não só os vários espaços do Palácio das Artes (Grande Galeria, Arlinda Corrêa Lima e Genesco Murta), como o Centro de Arte Contemporânea e Fotografia e o Parque Municipal. Segundo Felipe Scovino, curador da mostra ao lado de Renata Marquez, o nome da exposição foi pinçado da frase “Arqueologia do Urbano – escavar o futuro”, do crítico Frederico Morais. 

O trecho integrava a série “Quinze Lições sobre Arte e História da Arte – Apropriações: Homenagens e Equações”, que fez parte do já icônico manifesto “Do Corpo à Terra”, realizado no Parque Municipal Américo Renné Giannetti em abril de 1970, mesmo período em que a Grande Galeria foi inaugurada, com a exposição “Objeto e Participação”. Detalhe: ambos tiveram Frederico Morais como curador.

“A partir desse texto, começamos nosso trabalho pensando em articular arte e arquitetura. Por isso, fomos buscar na construção de Brasília um dos primeiros eixos da mostra. No entanto, fugimos da obviedade das obras clássicas da capital e partimos ao encontro da primeira favela construída paralelamente às grandes obras de Brasília, a Sacolândia”, comenta Scovino.

Ele se refere à série de fotografias de 1960, feitas pelo francês Marcel Gautherot. As fotos são inspiradas na construção das moradias dos candangos, que utilizavam sacos de cimento originários das obras da “cidade planejada”.

Outra série fotográfica flagra a construção da avenida Amazonas, hoje uma das principais artérias da capital. “Abertura da Av. Amazonas, 1941” é de Wilson Baptista que, nesse ano, completou 100 anos de idade. 

A mostra traz, ainda, obras de Carmela Gross, Paulo Nazareth, Cinthia Marcelle, João Castilho, Cláudia Andujar, os conjuntos de heliogravuras do argentino Leon Ferrari (que residiu no Brasil entre 1976 e 1991) e obras inéditas de Sara Lambranho, Marco Scarassatti e Rosângela de Tugny. Entre muitos outros chamarizes. “A mostra pretende discutir a utopia, a fragilidade das instituições sólidas, as intervenções urbanas, a relação do brasileiro com o progresso e os caminhos da arquitetura à margem da modernidade”, afirma Scovino.

Programação

Nestaa quarta-feira, às 19 horas, na Sala Juvenal Dias, Frederico, Renata, Scovino e a arquiteta Rita Velloso falam sobre a proposta da “Escavar o Futuro”. O crítico apresentará o contexto político em que a já citada “Do Corpo à Terra” foi realizada (na vigência da ditadura militar) e as possibilidades de diálogo com o momento atual. Rita Velloso vai além e fala sobre o eco da arquitetura “construída por manifestações sociais” nos recentes protestos ocorridos no Brasil. Em tempo: além dos espaços “intramuros” citados, o Parque Municipal entra em cena abrigando instalações. Segundo Scovino, a proposta é refletir sobre a noção de “intervenção urbana”, radicalmente tensionada pelos acontecimentos recentes. 

“Escavar o futuro” – Palácio das Artes (av. Afonso Pena, 1.537) e Centro de Arte Contemporânea e Fotografia (av. Afonso Pena, 737): Terça a sábado, das 9h30 às 21 horas. Domingo, das 16 às 21 horas. Parque Municipal: terça a domingo, das 6 às 18 horas. Até 2/2/2014

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