(UNIVERSAL PICTURES/DIVULGAÇÃO)
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"Eles Vivem", de John Carpenter, é um dos destaques da programação Fã de filmes de ficção-científica que se preze não se resume a repetir o gesto de Spock e dizer “Vida longa e próspera” como quem fala “bom dia”. Ou mesmo sair por aí gabando-se de ter visto todos os episódios de “Star Wars” – os novos, os velhos e os mais velhos ainda... Tem que conhecer o lado B dessas produções, muitas delas feitas com pouco dinheiro e muita imaginação. A mostra de sete filmes que começa hoje, no Sesc Palladium, com títulos como “O Planeta Proibido” (1956) e “Els Vivem” (1988), é um bom teste. “Para além do gênero, valem por sua relação histórica. São filmes que usavam o futuro para falar do presente, daquele momento em que foram lançados”, observa Marcos Fialho, analista de cinema do departamento nacional do Sesc. Fialho cita o caso de “A Ameaça que Veio do Espaço” (1953), o mais antigo sci-fi da programação, sobre uma espaçonave que cai no deserto do Arizona. “O alienígena nada mais era do que o medo do outro. Como estávamos no auge da Guerra Fria, da polarização entre Estados Unidos e União Soviética, os invasores eram sempre associados aos comunistas”, observa o curador. A ficção também servia de metáfora para criticar o capitalismo, na forma de “Eles Vivem”. Fialho destaca que o filme de John Carpenter ainda é bastante atual, por falar “do que está atrás do sistema”. Na trama, a única maneira de se saber a verdade é usando um par de óculos. “Está na origem do capitalismo. É como ver um relógio por suas engrenagens e não pela beleza de fora”. Para o analista Fialho, a ficção científica de antigamente tinha um aspecto questionador que não se vê mais nas produções americanas atuais. “Os roteiros desafiavam mais o espectador . Hoje Hollywood virou uma grande indústria”, lamenta. N/A / N/A