Mostra exibirá 37 filmes que abordam gênero, raça, credo e posição ideológica

Paulo Henrique Silva
phernique@hojeemdia.com.br
08/05/2017 às 18:06.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:28

As mulheres estão mais preocupadas com a questão dos direitos humanos, como o respeito à diferença de gênero, raça, credo ou posição ideológica? Se levarmos em conta a programação da 11ª edição da Mostra Cinema e Direitos Humanos, com início hoje em Belo Horizonte, no Sesc Palladium, a resposta é sim.

Dos 37 filmes, entre longas, médias e curtas-metragens, quase a metade deles tem a assinatura de uma mulher na direção ou roteiro. Um número que impressiona, em vista da proporção de realizadores homens e mulheres que fazem cinema. A escolha de Laís Bodanzky como a grande homenageada vem dessa constatação.

“A Laís dá bem essa ideia de alguém que quer fazer algo com conteúdo, trabalhando sempre temáticas importantes e que envolvem a questão dos direitos humanos”, salienta Alexandre Pimenta, que produziu todas as 11 edições da mostra na capital mineira. A realização é da Secretaria Especial de Direitos Humanos.

Filha do diretor Jorge Bodanzky (de “Iracema, uma Transa Amazônica”, considerado um dos melhores filmes brasileiros), Laís terá cinco de seus trabalhos apresentados: o curta “Cartão Vermelho” (1994), o média “Mulheres Olímpicas” (2013) e os longas “Bicho de Sete Cabeças” (2001), “Chega de Saudade” (2008) e “As Melhores Coisas do Mundo” (2010).

A mostra era para ter acontecido, como todo ano, no último bimestre do ano passado, mas a mudança de governo empurrou a programação de 2016 para agora. Não está descartada a possibilidade de uma outra edição ainda nesse ano. Uma das novidades é a criação de duas mostras, uma dedicada ao gênero e outra infantil.

A primeira, de acordo com Alexandre, é uma resposta ao grande interesse dado à questão, em escala mundial. Um dos destaques é “Meu Nome é Jacque”, da diretora mineira Angela Zoé, sobre transexual brasileira, soropositiva, que trabalha na ONU e que enfrenta grande preconceito nos Estados Unidos.

“Os filmes falam da quebra da declaração dos direitos humanos, o que chama a atenção num tempo de turbulência política, quando as questões culturais estão meio fraturadas. Há 11 anos, a mostra já apontava para a questão das diferenças, dos guetos, de pessoas estigmatizadas, e agora se ganha uma leitura institucional”, salienta a produtora Beatriz Goulart.

Ela cita o caso dos índios, que ainda sofrem com contínuos massacres. “Um dos filmes da mostra aborda o único parlamentar índio na história do país, Mário Juruna. Muita gente rebate dizendo que o índio está cada vez menos índio, usando roupas e computador, mas, como falou o diretor Vincent Carelli, ele nunca foi tão índio”.

A razão disso está no fato de “desejar com toda a sua vida a permanência na terra, que para os índios é sagrada, enquanto que, para nós, é um comércio”, reproduz Beatriz.

Para ela, as pessoas estão cada vez mais pobres em experiências comunicáveis, vivendo em estado constante de perplexidade devido ao cenário político.

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